segunda-feira, 19 de outubro de 2009

a novela mexicana narrada via sms

Hoje a mina do esquema Pushing Daisies (que não é mais Pushing Daisies) chegou contando altos babados do fim de semana. Como já tem mais ou menos um ano que eu mencionei a criatura aqui, deix'eu atualizar vocês de algumas coisas. 1) Lembram o cara do ônibus? Pois sim. Nos últimos meses, fizemos alguns progressos. Pelo que fiquei sabendo, já rolou troca de e-mails, telefones, beijo na chuva e declarações. 2) O problema é que ela descobriu que o cachorro tem namorada. 3) O segundo problema é que ela descobriu isso com o irmão dele.

Ok. Agora chega de contextualização. Voltemos aos babados. Como eu tô com preguiça de desenvolver um texto pra isso, vou copiar as mensagens que enviei hoje de manhã com a narração dos fatos.

"Então ela chegou pr'o cara hoje de manhã e disse 'soube pelas minhas fontes que estou sendo traída. a informação procede?'.".

"[...] Segue mais um capítulo da emocionante saga de F.M., a princesa de Santo André".

"O caso de Gustavo e o surto psicótico de F.M. Quinta-feira: chuva. Soundtrack: i'm a cuckoo, belle & sebastian. Ele a beija no fretado e a chama de meu amor. Na sexta, ela sai escondido com o irmão de Gustavo. Soundtrack: thriller, michael jackson. O irmão diz tudo: "é, ele namora há 3 anos". Ó. O mundo de F.M. cai".

"Ela chora, fica doida. Pensa em se matar: apanha o banquinho e a faquinha de rocambole. Soundtrack: _____ (vulgo música sensacional), carmina burana. Ah, ela aponta a faquinha para o estômago. E se equilibra num pé só sobre o banquinho. "É AGORA! Adeus mundo cruel! Adeus Gustavo, seu cachorro!".

"Calmamente, então, ela encerra o drama: desce do banquinho, guarda a faquinha e vai tirar fotos no quintal. Em seguida, a princesa decide que precisa de um outro príncipe e acessa o orkut. Quem encontra? Fulano de Algo, que estudou com ela na terceira série".

"[...] Segue o diálogo:
-- uau, fulano, você ficou bonito.
-- tenho carro também.
Dps continuo a saga. Vou ao MC com ela. Ela precisa desabafar ainda".

"Continuando.
-- carro?? ótimo, tudo que eu precisava.
-- te pego às 8h.
P.S.: eram 7h40.
Soudtrack: pode vir quente que eu estou fervendo".

"Eles saem, vão pr'o bar. Bebem, dançam, se beijam. A noite é mágica, tudo é muito propício. Ele diz que quer vê-la de novo, ela faz charme, diz que vai pensar. No dia seguinte, porém, acorda pensando em Gustavo. Soundtrack: hopelessly devoted to you, grease - nos tempos da brilhantina".

"O episódio da polícia. F.M. tinha acabado de tomar café. Soundtrack: hora do lanche, que hora mais feliz. Então ela escuta os latidos esganados de seu pastor alemão. Vai ao quintal e vê seu pai e o cachorro fazendo cabo-de-guerra com a vassoura".

"O pai grita 'vou te matar, seu quadrúpede peludo imprestável!'. O cachorro revida gritando: 'AU AU AU - conteúdo censurado'. A princesa não se contém e LIGA PARA A POLÍCIA. 'alô?! por favor, mandem a cavalaria! um... um... um VIZINHO meu está matando um cachorro a pauladas!!'.".

"Para espanto de F.M., a polícia levou a sério e bateu à porta do castelo em menos de 10 min. Examinaram o cachorro, os vizinhos todos na porta querendo ver o que se passava, e a fera não tinha sequer um corte. O pai bravejava 'quem foi o vizinho filho da puta que chamou a polícia?!?!'. E aqui termina o primeiro capítulo de uma saga que não perde por esperar os próximos episódios".

Não, o pai dela ainda não sabe que foi ela quem chamou a polícia.

domingo, 18 de outubro de 2009

resumidamente, eu

a menina do cansaço permanente e andar tropeço.
eu, abarrotada na roupa, abarrotada de beijo.
escancarada de vontades que ficam nos olhos.
filha de deusa, mãe do irmão. irmã da Vó.

eu solta, sem muito papo, sem muito grilo.
com sabor de suco de melancia e trufa de maracujá.
e a percussão nos passos.
e o desprezo do tempo, vou sempre sem pressa.

eu filha do samba.
brasileira de carteirinha, paulistana de coração.
aderi ao tu porque acho bonito.
e aos sábados tem feijoada.

eu não muito dona de mim.
incapaz de dizer não ao pedido... cedido.
concedo a dança, o deslize, o impulso insensato.
intento o pacto de sangue, recuo no ato.

eu medo, eu punho, eu te pego.
força que abraça e braça contra a maré
sem alcançar a praia, contudo,
sem perder a fé.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Shit

Lembro o que foi fazer o primeiro ultrassom anos depois da cirurgia. Eu suava frio de tanta agonia. Pior ainda é quando o médico que tá lá com aquele gelzinho gelado, passeando pela sua barriga e regiões mais abaixo, pára em determinado ponto, cutuca sem comunicar absolutamente nada e faz um movimento característico com as sobrancelhas. É quase como se você pudesse ouvir o maldito "puuuutz". Foi o que aconteceu na primeira vez. Ele viu que o meu rim direito é consideravelmente menor que o esquerdo e movimentou as sobrancelhas.
Daí corre fazer aquele MONTE de exame chato pr'o nefrologista virar pra mim e falar grego, "porque tem o FAN aqui, 'cê tá entendendo? É, pois é, tem o FAN aqui e a gente precisa ver isso também". Mas o que é o FAN? "O FAN é bla bla bla bla de bla bla bla bla". Ah tá... (Esclareço no Google depois).

O negócio é que eu tenho enrolado... Meus últimos exames datam de dois anos atrás. E, se fosse por mim, eu não repetia nenhum deles. A não ser o de sangue, que eu acho um barato... Tenho medo, entende? Tenho medo de descobrir que tem alguma coisa muito errada. É palhaçada, eu sei, mas é o que é.
Então eu dou um jeito de perder a lista de exames, daí toda vez que ligo pra secretária e ela me diz que o tal do nefro está viajando, me bate aquela sensação de alívio. Ela diz "liga na semana que vem"; eu não ligo, ligo na outra e ela responde "ele tá em congresso. Só volta na semana que vem...". Ah, ok, então eu ligo na semana que vem. Mas não, só ligo na outra e assim por diante.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

canção noturna [skank]

misterioso luar de fronteira
derramando no espinhaço quase um mar
clareando a aduana
venezuela, donde estás?
não sei por que nessas esquinas vejo o seu olhar

minha camisa estampada com o rosto de Elvis
a minha guitarra é minha razão
minha sorte anunciada
misteriosamente a lua sobre nada
não sei por que nessas esquinas vejo o seu olhar
não sei por que nessas esquinas vejo o seu olhar
espalhe por aí boatos de que eu ficarei aqui
espalhe por aí boatos de que eu ficarei aqui

vem, mamacita, doida e meiga
sempre o âmago dos fatos
minha guerra e as flores do cactos
poema, cinema, trincheira
não sei por que nessas esquinas vejo o seu olhar

um cego na fronteira, filósofo da zona
me disse que era um dervixe
eu disse pra ele, camarada
acredito em tanta coisa que não vale nada
não sei por que nessas esquinas vejo o seu olhar
não sei por que nessas esquinas vejo o seu olhar
espalhe por aí boatos de que eu ficarei aqui
espalhe por aí boatos de que eu ficarei aqui

não sei por que nessas esquinas vejo o seu olhar
não sei por que nessas esquinas vejo o seu olhar
velejando, viajando, sol quarando
meu querer, meu dever, meu devir
e eu aqui a comer poeira
que o sol deixará
não sei por que nessas esquinas vejo seu olhar
não sei por que nessas esquinas vejo seu olhar

domingo, 27 de setembro de 2009

they all know

É absurdo e fantástico ao mesmo tempo. Normalmente, eu não postaria esse tipo de coisa, porque é muito pessoal, mas o caso é que o evento merece uma atenção especial. Descobri que, ou a minha família me adora de verdade, ou é todo mundo bem mais liberal do que eu pensei.
'Tava discutindo com Mamãe sobre affairs da vida. Hoje em dia, eu já falo abertamente com ela sobre as meninas; ela faz uma certa cara feia, mas eu forço a barra, porque ela precisa saber e lidar com isso da maneira que for.
Foi a vez de a gente cair no papo "e se a família souber?". Comecemos aqui:
-- Já pensou se a Vó fica sabendo?
-- ... i.
-- Que foi?
-- Hihihi.
-- A Vó sabe???? O_O'
-- Sabe.
-- Você... Você CONTOU?!?! Ò.O
-- Sim, ué. Eu 'tava precisando desabafar...
-- Mas a Tia não sabe, né?
-- ... i.
-- A TIA TAMBÉM SABE???
-- Também sabe...
-- PUTA MERDA. Mas... Há quanto tempo tu contou?! O-o Eu voltei de lá ontem e...
-- Elas já sabem há mais de um ano.
-- OI???
-- É.
-- E o que elas disseram quando tu contou???
-- A sua Vó ficou mais séria, mas terminou dizendo que era fase. E a sua Tia reagiu estranhamente bem. Eu não consigo entender a sua Tia...
-- Uau. Elas realmente me amam, kra. ♥ ó.ò
-- A tua prima também sabe...
-- A Kátia?!
-- Essa mesma.
-- Você contou pra família toda?!
-- Não. Só pra elas. Mas a Kátia disse que já desconfiava.
-- Se ela sabe, a outra tia também sabe.
-- Muito provavelmente.
-- Então o Ricardo também sabe?
-- Não sei... Mas você sabe que a Kátia e ele são muito unidos e, diferente de você e do seu irmão, se falam bastante.
-- Puxa. É, então o Ricardo sabe. Rapaz, olha só que lindo. E eu continuo flertando com ele... Êlaiá. *-*
-- E eu penso que a mulher do seu avô desconfia.
-- Por quê?
-- Convenhamos que você não é daquelas que disfarça bem.
-- Eu disfarço MUITO bem, pô.
-- Quando quer. A maior parte do tempo você NÃO quer.
-- Bah.
-- É.
-- Então o vô é o único que não sabe?
-- Basicamente... Coitado. E eu não sei se a sua tia do Rio desconfia.
-- Uh.
-- ...
-- E se o vô soubesse?
-- Ah... Ele sim teria um treco.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Ora pois...

Devido a acontecimentos recentes, eu me pus a pensar que o universo de fato conspira. Aliás, não só conspira, como se atualiza e domina as novas tecnologias. Ele pegou um e-mail solto na web, colocou no meu msn e fez com que permanecesse por lá, contrariando todas as expectativas. Dali três anos, do absoluto nada, rola uma conversa, uma revelação e a primeira de muitas saídas que se converteriam numa amizade muito da boa. Dali outros dois anos, quando tudo parecia certo e definidio, rola mais coisa, novamente do absoluto nada. E agora a gente pára pra pensar: "então tudo isso 'tava no script?".

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

[1]

Minha Mãe me ensinou muita coisa. Aliás, não, não é assim. Eu é que aprendi muita coisa com ela. Ensinar, na maior parte dos casos, é um verbo figurativo. Não há realmente ensino; há repetição e aprendizado. Mas, enfim, eu aprendi muita coisa com a minha Mãe.
Aprendi, por exemplo, que não dá pra ser ateu; que é preciso curtir o sol; que, uma hora ou outra, você vai ter que tomar um partido e que "liberdade é saber dizer não". E aprendi até coisas um tanto menos importantes, por exemplo, certas artes - que nem ela domina muito bem - do tipo respeitar-se e não se arrastar. Ou ainda se esforçar pra encontrar a motivação do dia, se preciso, até num saquinho de bexigas coloridas. Nós duas dominamos o conteúdo teórico dessas desimportâncias até que bem, mas a prática leva irremediavelmente à fossa-sofá.

Anyway. Amanhã, a minha grande fonte de aprendizados e força completa 50 anos de idade. Já tenho as piadinhas prontas, o presente também. Só não tenho o bolo, porque ela quer manter a forma.
E a boa verdade é que eu não sei o que é ter uma Mãe mais velha que eu. Ela não aparenta a idade que tem... E a energia é a mesma de uma menininha louca por barbies, que, ok, não enxerga muito bem.
Há algum tempo, lembro de ter perguntado a ela quando foi que a Vó envelheceu. Ela me disse que foi de uma hora para outra. E eu, secretamente, fico tentando me preparar para o dia em que for a minha vez de sacar que Mamãe ficou velhinha.
De certa maneira, num processo bem lento, mais acentuado em determinados dias, eu tenho assistido: vez em quando, as marcas sobressaem, ela reclama dos joelhos, das costas, da vista e eu vejo as raízes grisalhas, que ela se apressa em pintar de roxo avermelhado.
Sabe, ela não gosta nadinha de ver o tempo. De certa forma, ela também se assiste, só que de outro ângulo... Eu pergunto e ela explica que é como se você ainda fosse jovem, mas dentro de um corpo que não acompanha mais o seu ritmo e as suas expectativas para o futuro.
Penso que isso deve ser um daqueles grandes aprendizados, que você nunca termina de aprender e carrega não se sabe pra onde. Um aprendizado filho da puta, diga-se de passagem.
É que, veja bem, eu não sei como é não me sentir meio louca e cheia de energia e sexy e entupida de possibilidades para o futuro e, de alguma forma, absolutamente crente no tempo que eu tenho pra estabelecer e desfazer todos os laços do mundo. E, principalmente, não sei como é não ter um corpo que me acompanhe.

Todo mundo se torna o que é quando é jovem. E a não ser que você desenvolva alguma doença degenerativa, é na pele de um jovem que você se projetaria se o mundo não tivesse espelhos. E se não tivesse essas dores esquisitas nos joelhos gastos.
Mamãe reclama.

Caraca. Se a velhice foi inventada por alguém, então esse alguém era muito sádico.

domingo, 30 de agosto de 2009

the three of us

'Tava revirando aquelas fotos antigas e encontrei isso.
Fiquei com muita vontade de morder o Davi.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

SJ

Não bastasse ser bonita e boa atriz, agora ela está morena e cantante. Scarlett Johansson virou, oficialmente, a "mulher perfeita" na opinião dos meus amigos homens. E também na minha, confesso... Mas não, eu não me entrego assim facilmente. Por mais perfeita que seja, nem ela nem ninguém supera o grau de perfeição da Natalie Portman. *_____*

No link abaixo, vocês encontram o vídeo da música "Relator", que ela gravou em parceria com Pete Yorn. A canção é um tira gosto do novo álbum da atriz, "Break Up", que deve chegar às lojas muito em breve.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u609194.shtml

Enjoy.

sábado, 8 de agosto de 2009

terça-feira, 4 de agosto de 2009

assinado eu [Tiê]



A menina tem talento... Vejam mais aqui: http://sweetjardim.wordpress.com/.

elogio

Os rascunhos dele já eram bons. Ultimamente, andam insuperáveis.

http://pessimo-ator.blogspot.com/

Blog pessoal do Pedrão. Recomendo.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

constatação

eu não sou mais aquela garotinha
e agora todas as coisas têm desfecho e porquê
ainda que eu não saiba dizer,
exatamente,
onde encontro um e perco o outro


Mel, 07/03/2009.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Alice Ruiz

Lembra?

Lembra o tempo
em que você sentia e sentir

era a forma
mais sábia de saber

E você nem sabia?


Gente, como eu amo o que essa mulher escreve.

[Ainda estou passando pr'o papel a entrevista com ela... Trabalhozinho minucioso. Se der na telha, posto o texto depois.]

terça-feira, 28 de julho de 2009

acerca dos 'famidegenerados' 140 caracteres

Danilo Gentili, um dos repórteres do programa Custe o Que Custar (CQC), transmitido pela Rede Bandeirantes, fez um comentário besta no twitter, no domingo: "Agora no TeleCine KingKong, um macaco q depois q vai p/ cidade e fica famoso pega 1 loira. Quem ele acha q e? Jogador de futebol?". Entenderam aquilo como um comentário racista... Confesso que, se ninguém tivesse alardeado nada, eu nem desconfiaria. Passaria reto, como se fosse uma piadinha sem graça.
Mas depois o cara foi lá e escreveu algo como "Alguem pode me dar 1 explicacao razoavel pq posso chamar gay de veado, gordo de baleia, branco de lagartixa mas nunca um negro de macaco?". Daí, ele disse "Reparem: na piada do KingKong nao disse a cor do jogador. Disse q loira saiu c/ cara pq e famoso. A cabeca de vcs q tem preconceito hein".
Honestamente, eu acho que ele podia ter ficado com a última justificativa e só. Aliás, ele poderia ter ficado simplesmente quieto... Comentário de famoso no twitter vira manchete, é impressionante. E mais impressionante ainda é perceber que, muitas vezes, não passa de um comentário infeliz e mal escrito.
Ok. Gentili é um dOS caras. Tem um humor ácido insuperável e detona na hora de criticar a politicagem do país em rede nacional. É o pesadelo dos congressistas. É admirável, mas isso não faz dele um deus. Muito menos no twitter... Onde você tem espaço para comentar com mais facilidade e muito mais rapidez tudo o que qualquer um diz - seja você alguém tentando se passar por outra pessoa, ou você mesmo. E o Gentili é, como se sabe, um poço de mensagens afáveis. Pronto! Numa dessas, o cara, em casa, com um pote de pipoca na mão, se prestou a comparar um macaco hollywoodiano com um negro. E a macacada histérica que é qualquer povo - ou, no caso, o conjunto de 100.000 e sei lá quantos "seguidores" dele - se encarregou do resto. Talvez ele tenha mesmo pegado pesado, mas eu nem quero discutir isso, porque é besteira.
Essas personalidades contundentes da tv brasileira não sabem quando fechar a matraca. E, se se achassem realmente menos influentes do que pensam que são, não se defenderiam das milhões de acusações que recebem de maneira tão veemente. Para fazer um adendo, até o João Gordo entrou na brincadeira... Aparentemente, um fake do João Gordo no twitter começou a implicar com o Danilo Gentili, o que deu início a uma briga ridícula via twitter.
O Gentili, então, ligou para o João Gordo, durante o programa deste na MTV, e ouviu algo como "#*$@><¢¬¬'' vai se foder". E, bem, fato é que a merda já estava feita e o vídeo com o telefonema juntou sei lá quantos mil acessos.

O twitter, atualmente, tem sido o cenário favorito das guerras de ego dessas celebridades e pseudo-celebridades. Elas poluem o twitter com disputinhas e excessos. Não falo da desmitificação e também não digo que não gosto de ler uma ou outra tirada dessas criaturas invencíveis; elas têm todo o direito de falar bobagem e isso é o bacana no twitter - o negócio de o top parecer tremendamente ordinário. O problema são essas criancices e a falta de bom senso desse pessoal, que, querendo ou não, é referência - o dito reconhecido top - e atira propaganda e alfinetada ao @compadre ali adiante como se fosse conteúdo. Vide guerra entre Marcelo Tas e Luciano Hulk por "seguidores", entre outros conflitos.
Sobre o tweet do King Kong, o Gentili teve que fazer um post no blog pessoal entitulado "Um Post Racista", pra ver se se justificava. E, no microblog, ele postou: "http://twitpic.com/bqdya - Obrigado pessoal. Vocês conseguiram me prender igual um macaco por denúncias de racismo". Em menos de dois dias, ele falou bosta, o pessoal especulou, ele falou mais bosta, o pessoal especulou mais ainda, ele se defendeu, se defendeu de novo e agora está para ser investigado pelo Ministério Público de São Paulo.

Toma cuidado com o que diz, mâno. Depois fica chorando as pitangas, como se fosse um rei destronado... E, o que é pior, vai lá e posta no twitter! Bah.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Epifania

Há colegas que, por regra, você só deve ver se estiver de bom humor.

E é exatamente por isso que eles são apenas colegas.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Alfabetização

Aninha, eu e Boi brincando de forca.

Boi desenha: _ _ _ _
eu: A.
Boi desenha: _ _ _ A.
Aninha: O.
Boi desenha: _ O _ A.
Aninha: é GOMA de novo!
Boi ri absurdos.
Aninha: Boi, chega de GOMA e GELO...
eu: e RATO e PATO e GATO e BOTA.
Aninha: é. Pensa em palavras grandes.
Boi desenha: ____ ____ ____ ____.

Sem comentários [2].

sábado, 18 de julho de 2009

sem comentários

"eu não traí. só terceirizei a prática sexual...".

sexta-feira, 17 de julho de 2009

House me entenderia

Fui doar sangue hoje e a verdade é que pode ser bonito e tudo, mas eu doo por causa do baratinho que dá depois. Bate a sensação de que você dançou a noite toda, fez um desjejum à base de bolachas gostosas e ainda tá ligado. Boa pedida pra quem se afunda no tédio.

Hm

A verdade é que eu sei que estou no curso errado.
E o grande inconveniente é que ainda não achei o certo.

Talvez não haja.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

a provocação barata

-- eu quero intimidade; você tem que confiar em mim.
ele dizia exatamente assim. eu ficava constrangida. a gente entende intimidade por muitas coisas e eu nunca fui muito íntima de ninguém. então eu respondia que não se exige confiança assim tão rápido.
acho que ele queria que fosse rápido porque estava mais velho do que pensava...
ao tentar definir confiança, na pele dele eu diria que procuro alguém com quem dividir uma verdade exclusiva, sobre a qual tivéssemos de mentir. claro, porque a mentira torna tudo mais interessante.
sempre houve ali uma admiração mútua. éramos parecidos desde que eu me lembrava; dois exclusivistas solitários, desleixados, obcecados por ideias, com egos monumentais (...) é... seria bom ter um amigo assim; parecido comigo (pra variar) e mais íntimo, enfiado nas minhas tralhas.

já houve quem me dissesse coisas tão bonitas quanto ele, mas não tão irredutivelmente. ele dizia que o meu carinho era a minha melhor parte e que eu faria melhor se não me reservasse tanto. "são características contraproducentes", completava. falava que via o meu cuidado com sei lá quem e eu suspeitava que tivesse ciúmes do que eu explicitava em determinadas ocasiões por determinadas pessoas. eu me sentia verdadeiramente notada. e não, não é pela massagem de ego; é pelo fato de um quase-estranho-ridiculamente-familiar ter me sacado o suficiente pra dizer as mesmas palavras que eu usaria, se pudesse falar algo bom a meu respeito estando na pele de uma terceira pessoa.
-- me conta algo que você nunca disse a ninguém.
mas que fissura, eu pensava. acho que ele realmente precisa da minha confiança. tinha vontade de perguntar por que, mas temia que ele respondesse que queria nos esconder. e depois temia que aquele fosse um simples jogo sujo... e eu finalmente respondia que, mesmo se contasse todos os meus segredos, ele não teria nada. ele dava uma risada irônica.
os dias prosseguiam assim. eu no escritório dele, analisando contas, mexendo em tabelas. ele se aproximava, trazia o almoço e ficava papeando comigo. falava pracaraleo. dizia que era pra compensar o meu silêncio. e fazia dessas observações sacais que me confundiam. ele não tinha ideia das coisas que aconteceram comigo e, no entanto, como que me adivinhava.
em dado momento, comecei a suspeitar de que, no fundo, no fundo, ele falava de si mesmo. isso me irritava... porque é exatamente o que eu faço. e faço com aquela panca de quem tem mais dez truques na manga. ele também fazia e sabia que fazia. era brincar com um espelho.

o problema é que havia mais alguém. uma pessoa em comum, que ele conhecia bem e eu também. ele me pedia intimidade, com a desculpa de que eu não poderia nunca dividir certas coisas com essa terceira pessoa. coisas sobre nós, que nós confidenciaríamos. feito um peão de tabuleiro de xadrez, eu fingia que não, mas já estava enfurnada num jogo sujo. talvez fosse a curiosidade, entende? eu sou muito curiosa e levo tudo até a última gota, pra ver onde vai dar, onde poderia ter dado. e talvez fosse também um resquício de fé... eu podia confiar nele, ele não me faria mal.
-- eu quero intimidade. confia em mim.
era um pedido insistente. e, de certa maneira, eu dividi coisas com ele. falei, inclusive, desse alguém. muito do que eu pensava sobre o meu "cuidado" para com essa pessoa. ele passava as tardes me falando da vida dele, das coisas que pensava e eu tomava conta da música. ele me achava muito diferente para a minha idade e me comparava à filha: "26 anos, completamente sem cérebro".
ouvíamos Yann Tiersen; ele sentava numa cadeira, olhando para o teto. e aquele silêncio... aquele silêncio vivo e cheio de contemplação... por mais que a situação tendesse ao oposto, por uns minutos eu construía uma imagem nítida do que era realmente a amizade. e me iludia com aquilo tudo, achando que eu podia fazer com que as coisas ficassem exatamente daquele jeito.
mas não podia, não. ele se aproximava novamente e pedia pra que eu confiasse nele. e eu nunca fui de demorar muito pra perceber: eu sabia exatamente qual o tipo de intimidade que ele queria... e conhecia a mentira que nós contaríamos.
numa dessas tardes, ele entregou a intenção.
-- vem cá. me dá um beijo.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

terça-feira, 30 de junho de 2009

damien - the rat within the grain

♫ (...) i wouldn't want you to want to be wanted by me
i wouldn't want you to worry you'd be drowned within my sea
i only wanted to be wonderful, and wonderful is true
in truth, i only really wanted to be wanted by you (...) ♫

sexta-feira, 26 de junho de 2009

meu horóscopo no Metro Diversão

"A Lua forma um aspecto tenso com Urano, seu astro, no domingo. É comum um aumento no índice de acidentes, quedas e topadas, já que você está propenso a mudar de direção rapidamente, e não estará olhando muito por onde anda. Fique ligado.".

Adoro quando o horóscopo zela pela minha integridade física.

quarta-feira, 24 de junho de 2009

superpoderes

Quando eu era pequena, cismava que conseguia ver o mundo girando. E corria chamar a Mãe, pra ver se ela notava. Dizia que ela tinha que se concentrar no azul e não nas nuvens. Ela olhava um pouco – os adultos nunca olham tempo suficiente pr’aquilo que a gente aponta – e concluía que eu estava apenas observando o vento empurrar as nuvens em contraste com o azul. Eu dizia que não, que era ela quem não via, então ela dizia que tinha coisa gostosa na cozinha e o assunto se encerrava ali. É realmente muito fácil me fazer calar a boca...
Eu também cismava que conseguia enxergar as bactérias. Chamava a Mãe e perguntava se ela estava vendo a bactéria passando bem na ponta do meu nariz. E ela dizia que era bem provável que houvesse bactérias em tudo que é lugar do meu nariz, mas que, se eu estava vendo algo diferente do usual, é porque estava vesga. Então eu respondia que aquilo não era ficar vesga, era sim um modo secreto de olhar as bactérias. E novamente o assunto se encerrava quando ela mencionava a cozinha.
Daí veio o dia em que eu utilizei meu método de enxergar bactérias à noite. Nunca me ocorreu que eu dependesse da claridade do Sol para vê-las. E eu fiquei testando o método secreto até sentir que meus olhos iam quebrar. Por algum motivo, eu não as via. Daí corri chamar a Mãe pra perguntar o que tinha acontecido, mas resolvi ficar quieta na hora. Pensei comigo que ela ia falar dos meus olhos quebrados e dizer algo sobre elas serem invisíveis. Larguei de mão e decidi retomar o teste pela manhã. Aproveitaria, igualmente, pra ver se o mundo ainda girava – à noite, eu não podia sair de casa pra me certificar de que o mundo continuava girando, mas também não me importava, pois ficava tudo muito escuro pr’eu ver qualquer coisa.
Pela manhã, o mundo ainda girava e eu consegui ver as minhas bactérias. O que eu não entendia era por que motivo não as vira de noite, se na escola e em casa todo mundo dizia que elas estavam em toda parte a todo o momento.
Bem... Isso foi um dilema na minha vida e eu só obtive resposta quando me toquei de que o Sol é o pai de todas as cores e efeitos ópticos para sacar que o que eu via eram manchinhas transparentes decorrentes do encontro da luz com aquelas coisas que você (não) enxerga quando fica vesgo. E, afinal, o que eu via girar também não era o mundo. Bastou olhar pr’o céu num dia sem nuvens... O azul fica parado.
Não preciso nem dizer o impacto que isso teve sobre a minha pequena pessoa. Foi trágico; acabei subtraindo um monte de superpoderes por conta da razão. Minhas únicas habilidades especiais remanescentes eram a de catadora de pecinhas de Lego que o Davi perdia pela sala e, claro, o serviço de tradutora que eu prestava aos meus pais quando ele balbuciava um dialeto babão.
Comecei a aprender a ser grande. Ser grande era entender das coisas. Depois a gente descobre que não, que é entender menos, mas, ok, vamos relevar essa parte. Deixei as bactérias; o mundo girando; as acrobacias tortas (eu tinha uma estrela e uma cambalhota que eram de matar... literalmente); a toalhinha com capucho que servia de capa; os planos infalíveis para entrar na cozinha enquanto meus pais ainda dormiam, e passei a me dedicar ao estudo das coisas. E observei coisas muito interessantes. Por exemplo, notei que a água que corre para o ralo corre num sentido só e que essa água que sai da torneira é a mesma que passa no rio, que enche por causa da chuva. Então corri perguntar pra Mãe por que a água corria num sentido só e como é que se fazia chuva. E ela me disse que a Terra tinha ímãs gigantes que faziam a água girar em determinados sentidos. E eu achei a explicação meio fajuta, porque, veja bem: por algum motivo, não faz sentido eu dizer que enxergo bactérias, mas faz todo o sentido do mundo dizer que a água corre pr’um único lado, só porque tem um íma de geladeira gigante lá na ponta do iceberg... Hello-o, até eu, que tenho um senso crítico totalmente prejudicado, sei que não tem coisa mais ridícula. Mas tudo bem.
... Então ela disse que a chuva só se fazia chuva por conta dessa água do rio, que é a mesma que sai da torneira. Daí eu pensei um pouco e quis saber: se a água da chuva é a mesma do rio e a do rio é a mesma da torneira, isso quer dizer que é sempre a mesma água e que ela enche uma quantidade limitada de nuvens, rios e torneiras... Que se faz se a gente beber tudo? Mamãe ficou mudinha e aí eu entendi que ninguém entende realmente nada.

Larguei de mão dessa ideia de entender das coisas. Esperto foi o cara que, pra evitar maiores compromissos, inventou a expressão “é tudo muito relativo”. Comecei a debandar pelo mundo, que não mais girava e, ironicamente, passei a desenvolver, certo que muito aos pouquinhos, outros superpoderes.
Tipo o superpoder de ler bons amigos. E um outro, que se chama paciência – com os bons amigos, inclusive. E o superpoder de abrir potes de conserva sozinha. Acho que, basicamente, foram esses e uns outros de menor importância...
De vez em quando, eu ainda fico vesga pra lembrar das bactérias que eu via, mas confesso que é só pra não perder o hábito de brincar com o Sol. Ah, e o mundo voltou a girar, sim. Só que agora eu percebo isso olhando as pessoas muito mais do que o céu...

terça-feira, 2 de junho de 2009

Alice Ruiz

Vocês não vão acreditar, mas eu mandei um e-mail para a moça perguntando sobre a possibilidade de agendar uma entrevista, a fim de batermos um papo - eu preciso fazer um trabalho para a faculdade. Não é que a moça respondeu? XD

Segue a resposta na íntegra:

Oi, Andrea,
estou devendo tantas entrevistas e não consigo achar tempo. Você tem pressa?
Teu e-mail foi tão simpático que me deu vontade de te atender. Talvez uma coisa rápida por telefone.
O meu é (XX) XXXX-XXXX. Não uso celular.
Abraço

Alice
Site: www.aliceruiz.mpbnet.com.br
Blog: http://aliceruiz.com.br

Quem aí tiver qualquer curiosidade sobre a vida dela (com ou sem Paulo Leminski), me fala. Pretendo ligar até o final da semana. /o/

deem uma olhada...

saudade do papel

domingo, 31 de maio de 2009

estágio e disciplina

Eu tenho um pequeno problema com disciplina. Aliás, "pequeno" é eufemismo. Tenho é um PUTA problema com disciplina. Até alguns meses atrás, pensava que o fato de me pagarem para fazer um trabalho bem feito era meu único ponto positivo em questão de disciplina. Eu gosto de ganhar dinheiro e, por isso, faria o que tivesse que fazer e me responsabilizaria de bom grado por uma série de tarefas. Dinheiro significa independência e, honestamente, é o símbolo do único tipo de independência que me falta conquistar.
Mas daí apareceu o tédio. O tédio de ficar sentada o tempo inteiro, escrevendo sobre coisas que, francamente, não me dizem respeito algum e pelas quais eu não tenho nenhum respeito. Sabe, eu sou uma vendida pr'o mercado de trabalho, pr'o sistema e o caralho, mas não consigo me vender com toda aquela pose se a prateleira não me agrada. Essa minha raiz idealista berra - é, de fato, uma anta quadrada... Faz o maior discurso amoral; fala que é pela grana até não poder mais, mas se perde se a caixa registradora tá enfurnada no lugar "errado".
Bom, enfim, o que aconteceu? Aconteceu que eu perdi o último viés de disciplina que me restava. O tédio me venceu e a crise econômica se encarregou do resto: minha empresa estava sofrendo uma série de cortes - estão regulando até o chocolate da máquina de café! - e eu fui cortada do meu departamento.
Comigo, trabalhava uma outra redatora. A mina é ninja. Responsável, eficientíssima, da área de publicidade e propaganda, fazia tudo direitinho. Eu também fazia direitinho, mas fazia cada vez menos, sabe? Sem vontade de porra nenhuma, a não ser socializar. O pessoal da empresa era muito batuta e eu ficava andando pela sala de meias - porque a gente podia ficar descalço - fofocando, discutindo vida amorosa, ideias úteis e inúteis. Quando eu digo que existe relação entre o fato de a sociedade industrial não valorizar o tempo de ócio e o aumento do preço do cigarro, estou coberta de razão (é um raciocínio simples - eu explico pra quem quiser, é só deixar recado). Nossas discussões eram bem mais produtivas do que a porra do serviço.
Retomando, minha produtividade atingiu um nível pífio. Eu não conseguia me domesticar a fim de parecer uma profissional comprometida, porque, de fato, eu não me sentia comprometida com nada ali, senão os papos. É verdade que o volume de trabalho andava meio capenga, mas é também verdade que eu poderia ter me aplicado bem mais, para, pelo menos, parecer tão competente quanto a mina ninja. Só que eu não tenho dessas cismas. Não sou de insistir com coisas que não me satisfazem, ainda que precise muito delas.
Eu vinha cuspindo no meu próprio prato. Não soube dar valor e creio que agora é o tempo d'eu ficar no meu canto, pastando, pra ver se aprendo alguma coisa. Preciso me disciplinar. Preciso recuperar as notas na faculdade, cuidar dessa pequena família surtada e encontrar um outro estágio - depressa. De preferência, algo que tire de mim uma vontade maior que essa vontade de porra nenhuma que eu tenho de vez em sempre.

sábado, 16 de maio de 2009

São Jorge, por favor, me empresta o dragão

pr'eu poder duelar com justeza. E, se não for pra afastar os inimigos, que seja pra me arrumar um outro, com escamas grossas e garras, no lugar de palavras afiadas.
Eu pedi a ela que ficasse um tempo, não todo tempo do mundo, mas só o suficiente pr'eu tirar dali mais do que costumo. Eu queria tirar os segredos, ideais, pensamentos aleatórios, bobagens, vícios, maldades e guardá-los todos numa caixa.
Mas ela não quis. Ao invés disso, quis ir embora; tentou segurar a minha mão e fingir que estava tudo bem. Eu, meio hipocondríaco, queria explicações... Senão explicações, ao menos sintomas que justificassem aquele desinteresse todo. Só que não havia nada, muito menos resposta.
Talvez fosse medo. Não tem doença maior que o medo. Só que, novamente, ela não tremia, nem parecia deprimir qualquer que fosse um último toque. Não há nada que apavore mais do que abraçar e não poder abraçar de novo. Será que ela não sabe disso? Ou não aprendeu? Eu ensino, eu ensinaria, mas me sentia num tal lugar comum que seria preciso um guindaste pra me tirar de lá.
Eu começava a desconfiar de toda aquela inércia, parecia de fato uma doença, ainda que assintomática. Ela continuava a conversar como se eu fosse um boneco de pano. Talvez fosse mesmo e eu só me arriscasse a suspeitar. Pensando bem, sempre achei minhas mãos pouco firmes. De vez em quando, chego mesmo a machucar com a força com que tenho de pegar para sentir as coisas passando por elas.
Sabe, eu não pedi muito. Pedir tempo às pessoas, hoje em dia, parece um pedido absurdo, mas eu só queria aprender coisas novas e ela me oprimiu com o vago. O esforço nem foi tão grande e eu me senti pequeno, porque, em algum minuto, me permiti acreditar que havia sentimentos reais ali. Ela não me soltava, mas também não preenchia espaço. E, convenhamos, quem é que quer mais um clipe de papel?
Comecei a pensar, então, que não havia fingimento não. E daí indaguei se hoje tá todo mundo assim tão protegido... Tão putamerda anestesiado... Afinal, ela não me sentia esvaindo, a mão soltando? Não me viu pedir? Eu juro que peço tão descaradamente... Quase como uma exigência.
Por isso, eu quero esse dragão. Pr'ele bater nela e fazê-la chorar! Ou então pra ser o dragão do horror imediato e ocupar o lugar dela de coisa que avassala e aflige aos pouquinhos, lentamente. Ela que eu não posso gritar, não posso insistir, porque é feio e eu não vou sobrepujar a liberdade de ninguém.
Mas é bem verdade que, talvez, não houvesse realmente nada e que eu tenha acreditado em alguma coisa, por força do muito desacreditar. Pensando bem, minha hipocondria deve ser falta de fé.

terça-feira, 12 de maio de 2009

O Bagulho Entrevista

Esses futuros jornalistas talentosos, viu? *-* E, claro, não podia faltar o Luís Mauro.
Acessem: http://obagulho.wordpress.com.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Twitter

Ok, vamos fingir que eu não postei as coisas que postei recentemente, nem que a minha vida está de pernas para o ar em todos os sentidos, e vamos falar de coisas interessantes. Como por exemplo o Twitter.
Estou completamente viciada. Ele facilita a minha vida. Tu quer saber das matérias dos sites de notícias, ou ficar mui bem suprida de reportagens sobre os Beatles e o Chuck Norris? Basta seguir os perfis certos! Até Marcelo Camelo tem Twitter! (Mas os tweets dele não são tão interessantes quanto as canções...)
E... e... bem. Vou ficar por lá. http://twitter.com/andrea_wk
o/

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Tem gente

... que não sabe ser homem.

Asifudê, viu? u.ú

sábado, 2 de maio de 2009

adooooooro

quando a minha vida sentimental fica uma merda da noite pr'o dia.
ah, mas que se foda. hoje eu vou pra virada me arrebentar.

-____-''

quarta-feira, 29 de abril de 2009

domingo, 26 de abril de 2009

Cazuza descreve o meu fim de semana

disparo contra o sol
sou forte, sou
por acaso
minha metralhadora cheia de mágoas
eu sou o cara
cansado de correr
na direção contrária
sem pódio de chegada ou
beijo de namorada
eu sou mais um cara

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Bossa Nova Café

Matei aula hoje pra tomar um café da manhã decente e barato. O lugar? O Bossa Nova Café, inaugurado recentemente na Augusta, 1526. Self-service a um preço camarada: R$ 6,00.
Tem brownie, bolo, pão de queijo, bolachinhas de todo tipo, frutas, sucos, leite, café, várias opções de pão, tudo num ambiente acolhedor e discreto. Uma graça.
É isso aí, gente boa. Para quem quiser matar aula, tomar um bom café e bater papo.

Bossa Nova Café
Café da manhã, de segunda a sexta, das 7h às 11h; sábados, das 9h às 13h.

Mais informações aqui:
http://centraldaaugusta.com.br/theblog/2009/04/20/bossa-nova-augusta-1526/#more-649

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Sobrevivente

Depois de uma semana complicada, cheia de trabalhos, provas e afins, o merecido descanso.
Sexta-feira: dia de sinuca, miojo e CAMA! *capota*

sábado, 11 de abril de 2009

plans for life

A Patagônia...
Um dia, fazendo uma lista viável de lugares que valeria a pena visitar, pensei que uma viagem de carro até os confins austrais do continente não seria tão má ideia. Na Patagônia, tu encontra cores exóticas, pinguins, leões-marinhos, deserto, montanhas geladas, neve... enfim, belos cartões postais.
Sairíamos de Sampa e faríamos paradas estratégicas pelo sul do Brasil: Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, respectivas capitais e arredores. SairíaMOS, porque eu não vou sozinha. Vou levar meus amiguinhos... Eles só não foram informados ainda.
A verdade é que eu iria sozinha de boa, mas vou precisar, no mínimo, de um homem (pra carregar bagagem e fazer cara de mau, se liga?). Então, se é pra levar um homem, aproveito e já levo a penca. Por isso, não vai ser mais um carro e, sim, uma van.
'Tava com dois colegas meus da faculdade em mente, mais o Marcelo. O Marcelo é um enrolador; enroladores são sempre muito úteis. Os dois colegas se encarregam da direção e tentam manter a situação sob controle, porque eu estou pensando em carregar mais três amiguinhas minhas e todas elas (além do Mah) curtem uma boa guerra de travesseiros... Difícil mesmo vai ser conciliar os gostos musicais, mas, até aí, eu sempre posso cantar:
(...) i just called to say i love you
and i mean it from the bottom of my heart (...)

Anyway, nós estávamos descendo, né? Depois de Porto Alegre, correríamos pelados pelos pampas e continuaríamos nossa jornada até Montevidéu, no Uruguai. Então seguiríamos até Buenos Aires, na Argentina, onde passaríamos alguns dias assistindo a apresentações de tango. Dali em diante, é só descer, descer, descer, tirar fotos da paisagem; descer, descer, parar pra cagar; descer, descer, colocar uma blusa; descer, descer, colocar mais duas blusas; descer, descer, chegar em Ushuaia e ver se é possível descer mais com algum guia turístico. Se, passando dali, só Antártida, a gente pára e pergunta onde estão os pinguins e os leões-marinhos.
Então é só subir. Só que, na subida, nós ficaremos às bordas dos Andes, porque eu também quero tirar fotos de lhamas. Vamos beirar montanha, tirar fotos do Pico do Aconcágua e seguiremos rumo a Assunção, no Paraguai, onde eu vou comprar muitas bolsas Luis Vuitton pra Mamãe.
Daí, é só ir até Foz do Iguaçu e voltar pra Sampa via Paraná.
... e o Pub.
Como eu sei que essa vida de trabalhadora séria e comprometida não é pra mim, das duas, uma: ou eu trabalhava a vida inteira, esperando ganhar na Mega-Sena pra poder viajar, ou eu largava mão dessa bobagem profissionalista e virava hippie, poeta ou dona de bar. Dona de bar faz mais o meu estilo - porque, praticamente, abraça os outros dois.
Decidi que vou fazer o que for pra juntar uma boa grana até os 30 e poucos anos de idade, daí largo o emprego e compro um espaço nas imediações da Augusta/Frei Caneca/Bela Cintra. O pub vai ter o nome de alguma música dos Beatles. Mamãe sugeriu Here, There and Everywhere e, até o momento, eu não consegui discordar. Serão dois ambientes: o primeiro, com duas mesas de bilhar no fundo e as mesinhas à frente. O outro, com mais duas mesas de bilhar, algumas mesinhas nos cantos e espaço pr'as pessoas dançarem e baterem papo, onde, eventualmente, vai haver saraus e shows.
O jogo de iluminação da casa vai ser aconchegante; aquela luz de banheiro que te favorece, sabe? Nenhum clarão, mas você vai poder enxergar nitidamente o rosto da pessoa com quem está conversando. Haverá cantos mais reservados para casais. Não, não é sala pra putaria e pega, gente! u.ú São aqueles cantos discretos, sabe? Escondidos por uma parede bem localizada, ou um balcão bem disposto.
Em hipótese alguma, será um lugar intimidante. Todo mundo será bem vindo, exceto skinheads e punks metidos. Quem estiver afim de briga, fica fora. Se, mesmo fora, quiser brigar com alguém que esteja dentro - não tendo esse alguém outra intenção, senão a de beber em paz -, o que está fora vai se entender com a polícia.
Haverá duas jukeboxes. Uma pra cada ambiente, e todo mundo vai poder ouvir de tudo. Sim, u.u do auge do meu bom gosto, eu vou liberar funk carioca também. A cerveja vai ser barata e a comidinha, deliciosa - nada que pingue óleo. Como eu descobri que os vegans são um bom público e eu posso cobrar mais, porque eles se dispõem a pagar bem pra comer, haverá quibes de soja e opções de bolos de chocolate sem leite, nem ovos.
As pessoas poderão fumar no primeiro ambiente. No salão, onde há shows etc., não.
Uma vez por semana, vou fazer uma noite de baile para velhinhos; numa outra, esquenta para o pessoal da idade da Mamãe. Uma vez por mês, teremos saraus; às sextas, shows ao vivo, variando o estilo: rock, jazz, blues, classic rock, mpb, forró, Damien Rice. (Pr'os bailes dos velhinhos e dos papais e mamães, eu alimento um desejo interno de ser a dj.)
Do lado do balcão, vou deixar duas daquelas joças que giram, com pocket books (daquelas que a gente vê nas bancas). Não haverá balcão no segundo andar. Ok, a ideia é que o segundo ambiente seja um segundo andar... É que eu acho um charme pegar bebida e subir escada.
E.

=]

aquele amigo gay com quem tu casaria

Toda menina tem um desses. É bom existir a materialização do homem perfeito, ainda que ele não ligue pra dizer "oi, gatinha" e, sim, "gatcheeeenha, tá sentada? não? então senta, porque o babado é FORTE!". Anyway, tem gente que curte uma bichona escandalosa.
Mas não, meus meninos não são assim. Eles são tímidos e românticos; nunca me ligam pra contar o babado forte, porque, geralmente, não têm nenhum. E um deles, em particular, não me conta nem piada. Esse é o cara que vai casar comigo: o instigante. Instigante, porém muito divertido.
Somos capazes de conversar ininterruptamente, sem mencionar coisas nossas. Inclusive, foi somente há alguns meses que ficamos sabendo nossos verdadeiros nomes. Ele gosta de astrologia e mitologia de toda espécie; gosta de listras; desenha como poucos; trabalha num escritório que tem mesas de bilhar; é faixa preta em Kung Fu; tem uma queda por coisas fofas; não sabe andar de bicilcleta; desconhece "como eu quero" do Kid Abelha, mas canta "lavadeira do rio" da Maria Rita como se fosse a própria; curte animações e, se a gente estiver no humor, sai assistindo a tudo que é filme F made in becos da Europa Oriental.
Assim como eu, ele adora e vive mexendo no meu cabelo. Não é de fazer cerimônia e sai logo dizendo "não gosto, não quero, não vou". Imprime mapa pra tudo e é daqueles que se perdem caminhando em linha reta. Tá viciado numa série que se chama True Blood (vampiros, sabe?). Vai à Bienal do Livro pra conhecer as novas editoras e pegar panfletinhos. Tem mãos bonitas. É prático e justo na hora de escolher o molho da macarronada: "Marcelo e Bruno não decidem se querem o tradicional com ervas finas ou o tradicional com salsinha! Mel, me ajuda!" *aflito*.
Ainda assim, parece que sei pouco. A gente demora a revolver o passado. E parecemos pensar coisas tão mais interessantes do que as que vivemos... Somos dois românticos, sobre isso não há dúvidas, e defendemos a paciência e a confiança com a mesma força. Acho tão... bonitinho. Ele bem que podia casar comigo, né?
O cabelo é curtinho, os olhos, castanhos, a barba é mal feita, a barriguinha, saliente, e a altura é perfeita: um pouquinho mais alto que eu. Rebola direitinho e baila comigo - forró, anos 60/70, Ana Carolina ou o que for. Vinte e quatro anos, aquariano, designer.

*derrete*

segunda-feira, 6 de abril de 2009

dye my eyes and call me pretty

Hoje, eu me senti a última cocada do deserto e tive que passear por aí pra me exibir. xD Adoooro quando isso acontece.

Amanhã, é aniversário do cocô e eu vou fazer carão. Deep shit.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Que música do Los Hermanos é você?

Considero o meu resultado duvidoso... Mas, de qualquer forma, façam aê! Quero ver quem pega Sentimental ou O Último Romance!



Que música do los hermanos é você?
Trazido a você por Soul Fire

sexta-feira, 27 de março de 2009

Show do Oasis

... e eu encarando o saldo da conta bancária.

Essa vida de estudante é foda.

terça-feira, 24 de março de 2009

as borboletas

Tô achando um barato esse negócio de provocar. Pode ser feio, pode ser escroto, mas é uma delícia. Você ouve coisas doces com mais frequência do que as diz. Aliás, não é nem isso. Você tem a liberdade de dizer tantas coisas doces quanto quer e vai ouvir.
Não sei realmente medir o quanto gosto dessa pessoa. Não tenho trimiliques, nem contrações na barriga e, sim, talvez eu até exagere um pouco o que sinto, porque ando à caça de novidades, mas há, sem dúvida, lucidez nesse gosto. E verdade, também.
É algo diferente das saídas dos últimos tempos e eu tenho vontade de cuidar. Só que tenho um medo grande de iludir, pois tô apegada ao meu cafofo, às minhas manias e liberdades. Sim, eu disse certo: medo DE iludir; não de ME iludir. Esse medo eu tranquei do lado de fora.
Percebi isso quando o cocô resolveu me aposentar de repente, feito um pano velho. Eu chorei pra valer, mas a grande lamúria - aceitar - não exigiu muito de mim, como eu supunha que exigiria. Quer dizer, ainda tô com um puta rombo no meio do peito, e ele machuca, mas eu não tive que apagar nada, sabe? Fiquei orgulhosa de mim - ela já chegava a me dar os trimiliques!! Contudo, foi só suprimir a amizade que os trimiliques sumiram e o que eu sinto agora é... falta.
Agora, me iludir, não, não me iludo mais. Não crio expectativas em torno de ninguém. O problema é que também não crio expectativas nem em torno dessa pessoa, quando poderia. Ficamos nesse jogo de gato e rato: eu dou linha, ela puxa; ela dá linha, eu puxo toda. Penso nela de manhã, durante o dia, antes de dormir, mas parece muito mais uma distração do que um rebuliço.
Essa é uma pegadinha na minha vida: eventualmente, todo mundo vira uma distração pra mim. E, no fundo, acho que é assim com os outros também - eles só não admitem. Só que... Bem... Ou ela é muita distração, ou sou eu quem precisa dos trimiliques e das contrações.

E eu vou citar o cocô tantas vezes quantas forem necessárias pra exorcizar essa raiva e esse pesar. Mesmo que o texto não diga respeito a ela - porque, indiretamente, ela tá ligada ao fato d'eu estar cheia de coisas pra contar sem ter quem escute.

agora licença, que eu vou dar linha.

segunda-feira, 23 de março de 2009

domingo, 15 de março de 2009

Aspas

"Não vemos as coisas como são: vemos as coisas como somos".

Anaïs Nin

quinta-feira, 12 de março de 2009

No use

Estou me sentindo miúda. Meio loira também, mas sobretudo miúda.
Muito disso, confesso, é por causa do cocô, que não fala mais comigo. E a Mamãe me disse "você já correu atrás; agora espera". É, eu corri atrás, só que ela não disse nada muito convincente - ou, talvez, seja eu quem esteja querendo acreditar nisso.
Às vezes, eu quero acreditar em muita coisa. Quero acreditar que vou conseguir um emprego melhor; que ela, daqui algumas semanas, não vai fazer mais tanta falta; que vou me sair super bem nas entrevistas e trabalhos de faculdade e vou ficar mais inteligente; que, com sorte, também vou me livrar desse tédio aborrecedor que permeia meus dias.
Mas é só um acreditar meio bobo, de quem não quer/pode ceder. De quem, no fundo, no fundo, pensa sempre as mesmas coisas de tudo e todos... Inclusive de si.
Requer coragem conservar uma amizade; requer bom senso, conhecimento e lábia ter a inteligência que eu admiro; requer presença ganhar a vida. E todas essas 'qualidades' andam ausentes de mim; não que estivessem sempre à mão, mas, pelo menos, eu tinha o gosto do embate: num dia, voltava pra casa com o peso da derrota na entrevista e, no outro, com a vitória, ainda que frágil, de porcelana, mas sempre enorme, de ter conseguido me impor naquele momento acertado com as palavras exatas.
Eu tenho caminhado pelos anéis de Saturno, chutando poeira cósmica lá longe. Tô me sentindo intelectual e emocionalmente diminuída. Rejeitada, enfim, sem ter como reagir, a não ser por um acúmulo de esforços que, por mais que eu enobreça, parecerão sempre inúteis.
Naturalmente, me distancio, regelo sem pensar e me refugio sem enfrentar nada. Pra dizer que evito o que dói, que evito o que vou chamar de imbecilidade do alto da minha montanha. Porque sou infantil e cismada com tantas coisas, que parece mais fácil me isolar e penitenciar pelo que não entendo, do que descer e dar a cara ao alcance daquele tapa fatal - eventualmente, mais áspero do que me creio capaz de suportar.
Não adianta. Por mais que tente, eu sou sempre eu. u.u

cidadão de papelão, o teatro mágico

segunda-feira, 9 de março de 2009

a última pessoa a ler o livro

Uma das coisas que eu mais gosto em livros de biblioteca, ou livros velhos no geral, é ver as anotações pelos cantos e sublinhados de todo tipo. Às vezes, a ideia sublinhada no texto nem é tão boa e a anotação, pior ainda. Mas, de qualquer jeito, é legal. E não é porque é de biblioteca que um livro vai ficar sem rabiscos adicionais pela eternidade. Vai por mim, isso não dá certo. E, pior, não faz bem.

Eu vou lendo e montando um perfil. Por exemplo, o livro que peguei recentemente, "Sempre Alerta", dum tal de Jorge Claudio Ribeiro, é meio didático-reportagem, o que me leva a crer que o último leitor era um estudante de comunicação. Ok, óbvio. Entretanto, o que vocês não sabem é que, assim como eu, ele (ou ela, mas eu acredito que seja ele) é um leitor entediado.
Nas primeiras páginas, nós vemos sublinhados mais frequentes, denotando um certo entusiasmo. São linhas tortas e que tentam fugir àquela clara noção de reta, o que me leva a crer que era realmente um menino. Meninas conservam capacidades motoras mais esclarecidas em se tratando de anotações e linhas: elas querem a coisa mais caprichada e, por isso, levam mais tempo pra fazer o rabisco.
Além disso, ele passa de caneta preta para azul, para lapiseira, para lápis; não há aquela paranoia com um padrão.
Acabo de ler a página 95 e, logo abaixo do texto, há uma linha azul que aponta para absolutamente nada. Tédio.
Eu imagino que esse moço demorou uns três, quatro dias pra ler o livro e que, durante esse tempo, o carregou de lá pra cá na mochila, pois as pontinhas das folhas estão sujinhas e a capa, meio arrebentada, o que me leva a pensar que foi mesmo obra de uma mala entupida de outras coisas. Não, não... Menina não rola, porque a maior parte delas usa bolsa.
Eu imagino que ele deve ter sentado na mesa da cozinha, naquela hora do dia em que não aparece nada de interessante na tv e as músicas do computador ficam tocando a esmo, sem qualquer novidade ou refrão chiclete. E ele ficou lá lendo sobre o Estado de São Paulo e o Projeto Folha, porque, em algum momento, alguém determinou que é importante saber sobre a importância disso, ainda que a grande notícia do dia dele não tenha passado de uma multa por atraso de devolução de material na biblioteca: um filme que ele não teve tempo de assistir, com o título pretensioso de ‘Intolerância’.
Esse cara não deve ser mais velho que eu. Ultimamente, eu ando mais velha que todo mundo. Vinte anos não é muito; mas é um terço da vida de quem pretende chegar aos 60. Sessenta, sim, é muito. Eu só chamo alguém de velho quando esse alguém completa sessenta anos. Quando a minha Mãe chegar lá, passo a considerar velho quem chegar nos setenta, e assim por diante.
Mas, enfim, penso que ele deve ter mais ou menos as mesmas preocupações que eu: dinheiro + gandaia. Estes têm sido, ultimamente, os únicos combustíveis dessa juventude - a minha inclusa. E, secretamente, ele realmente gostaria que ela fosse um tantinho mais transviada.
Ele faz parte daquela massa que passa nos projetos do futuro: aqueles 10% da população (e eu estou sendo bastante generosa) que, consideravelmente inteligentes, alcançam o ensino superior e pagam uma nota preta pra aprender que ninguém é dono de verdade alguma, se essa verdade não aparecer na televisão.
É o que tá escrito no "Sempre Alerta", aliás é o que tá escrito em grande parte dos relatos jornalísticos acerca do trabalho jornalístico. Aliás (2), deixa eu fazer uma pequena anotação de canto aqui, nessa página 95, onde o tédio do meu colega fez um risco de caneta azul. "SOMOS TODOS MICHÊS DO MERCHAN".

Folheando daí em diante, você não encontra mais nada, nenhum tracinho. E não é que haja qualquer anotação infeliz; a anotação infeliz é da minha parte para os próximos.
Esse cara foi simplesmente mais esperto, percebeu que ‘tava sendo ludibriado, devolveu o livro e foi ser astronauta.

Adoro quando a leitura realmente modifica o homem.

sábado, 7 de março de 2009

Desabafinho

Não vai ter mais verdurada, não vai ter mais toquinho no celular, não vai ter mais quibe nem bolo vegan, não vai ter sorvete na Augusta, nem almoço no Vegacy, nem comentários sobre quem pegou quem, ou explicações nietzschianas sobre as merdas do mundo.
E se eu for contar por que não vai ter mais nada disso, vou ficar puta, porque nem eu entendo. Detesto não entender coisas importantes; detesto, sobretudo, a forma como as pessoas conseguem agir como se nada tivesse acontecido, enquanto eu amargo uma pequena revolta - que é quieta, parcialmente ridícula e cheia de uma culpa sem razão.

Bosta.

quarta-feira, 4 de março de 2009

erra uma vez

nunca cometo o mesmo erro
duas vezes
já cometo duas três
quatro cinco seis
até esse erro aprender
que só o erro tem vez


Paulo Leminski

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

i feel it all, i feel it all

não tem comida, eu saio pra comprar; não tem remédio, eu saio pra comprar; não tem pressa, eu saio quando bem entendo. não tem precisão, não saio não. fico na sala, estatelada, no sofá-azul-que-afunda.

não tem consolo, eu vou procurar; não tem preço, não me preocupo em pagar; não tem patrão, ainda bem que não. não tem música, caralho! ai não dá pra aturar.

não tem você... onde te encontro? você não tá mais no caminho do metrô, nem me chamando pra matar aula, porque precisa de ajuda pra pintar o quarto. eu devo ter feito ou dito algum impropério infeliz.

não tem o teu punk sujo no meu ouvido, onde você se meteu? nesse carnaval que foi menor, porque eu não te entendo mais desde a semana passada... e, saca só, sambei só e só sambei, porque você não me chamou pra verdurada.

não tem crédito no celular, eu espero o fim do mês pra comprar. não tem roupa no cabide, eu espero o fim do ano pra comprar. não tem amor, eu alugo as moças bonitas. me farro e enfado nos colos dessas biritas. não tem beijo, mas eu espero pra te abraçar.

mas não tem você... onde te encontro? não tem mais mensagem tua e eu te sinto vazia, toda vez que olho. você repara, eu entrego, mas você não diz. e eu me ponho a pensar que devo ter mesmo feito algo ou dito algum impropério infeliz.

não tem dicionário, eu invento significado. não tem aquela sintonia, eu deixo de lado. não tem você, porque você não quer. porra, deve ser mesmo a minha sina gostar e suportar esse tipo de mulher.

quer mesmo saber? brigue comigo, porque cobrar qualquer coisa de ti... eu não consigo.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

msn: diskmoda

tanto faz . desde que os dragões sejam moinhos de vento disse:
Brunooo, tu que é estiloso, plis, uma ajudinha. verde O.o combina com cinza?
Bruno Grisi disse:
oie! nossa! que tom de verde e cinza?
tanto faz . desde que os dragões sejam moinhos de vento disse:
verde bandeira e cinza escuro e claro.
Bruno Grisi diz:
o que é verde bandeira? mais claro ou mais escuro?
mas acho que combina sim.
tanto faz . desde que os dragões sejam moinhos de vento disse:
é o verde que tá na bandeira do Brasil. exatamente aquele tom de verde.
Bruno Grisi disse:
entendi! he he mais uma informação: o xadrez é pequeno ou grande?
tanto faz . desde que os dragões sejam moinhos de vento disse:
pequeno.
Bruno Grisi disse:
opa! acho que faz uma boa combinação! vc vai ficar linda!
tanto faz . desde que os dragões sejam moinhos de vento disse:
*-*

Bruno é meu consultor de moda quando Mamãe não está.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

._.

Minha Mãe tá envelhecendo e eu tô assistindo, sem poder fazer absolutamente nada. Isso me sufoca.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

2.0

Tenho oficialmente duas décadas de existência. uAu.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

A história do Show

Levantei cedo; estava ansiosa desde as 8h da manhã. Mamãe já tinha saído e Davi se aprontava pra ir pr'o serviço. Eu ainda teria que enrolar bastante, por isso liguei o pc e, em prelúdio, deixei tocar o que ouviria à noite. Fiquei saltitando pela casa até sair.
Cheguei no serviço e estressei de cara. Sá confidenciou baixinho que o pessoal ia mandar cancelar nossos e-mails pessoais. Eu, pensando tão somente nas minhas fofocas vespertinas, disse "mas isso não tem nenhum cabimento". Depois a chefa explicou direitinho e eu vi que fazia sentido - detesto quando isso acontece.
Então ficamos por lá, nos despedindo de nossos e-mails pessoais, avisando todo mundo de que essa seria a última vez que nos comunicaríamos em horário comercial. Mas o estresse não diminuiu a minha empolgação. E foi só a gente cair no assunto música que o Rodrigo falou "é hoje, né?". Pronto, eu surtei. "Ééééééééééé!!!" *O*
Ao final do dia, todos estavam me desejando um ótimo show. Então eu saí correndo pra pegar as minhas esfomeadinhas no metrô: Bah, Juh e Nathy iriam pra casa e ficariam por lá até dar a hora. Acabaram com ¬¬ o meu estoque de miojo.
A Bah e a Juh estavam usufruindo da comida e do transporte. Quem ia assistir meeesmo ao show comigo era a Nathy, que chegou aqui e saiu perguntando sobre os ingressos. "Tão ali, ó". E o recinto ficou em abençoado silêncio, até que a Juh perguntou por que os nossos eram diferentes dos delas. "Não é Ticketmaster. É Citibank Hall Master". "Então tu não pagou a taxa extra, né?!". "Nope". "Ai, essa gente que pode"...
As quatro estavam empolgadíssimas: com certeza, íamos chorar bastante. Minha Mãe viu aquele monte de gente na cozinha, cantando The Professor e comendo miojo, perguntou se estávamos sob efeito de narcóticos.
A Nathy foi escolher minha roupa, porque se recusava a sair de casa com alguém no meu estado. Eu dizia que já tinha escolhido algo adequado e ela, novamente, se recusava a acreditar que eu fosse capaz disso. Por algum motivo, eu acabei obedecendo e saí com uma calça mais justa e uma blusinha grandona, daquelas que mais parecem um vestido, com desenhos de flores e borboletas.
No carro, falamos sobre propaganda de cerveja e Damien. "Ele não pode abrir o show com The Blower's Daughter. Não pode, não pode, não pode!". Então começamos a cantar Rootless Tree (Fuck You, para os íntimos). Mamãe visivelmente tentava se concentrar, em meio à nossa cantoria, ao trânsito e ao pé d'água que caía.
Nisso, houve um momento, alguém comentou algo sobre raio. E eu completei falando em árvores. Na sequência, ouviu-se um PUTA estouro e o carro tremeu todo! Foi decidido que eu tinha super-poderes e, para segurança geral, eu fiquei de bico calado até chegarmos ao Citibank Hall.
Chegamos às 21h30 e ficamos lá fora, todo mundo com o coração na boca. Segurei a mão da Nathy e ela apertava com força.
Decidimos ir para os nossos respectivos lugares. Eu e Nathy pr'um canto; Bah e Juh pr'outro. Nathy fazia patê da minha mão. O show atrasara por conta da chuva e nós ficamos fofocando. Eu estava phodasticamente contente por ela estar lá, de livre e espontânea vontade, e contei que, quando percebi que Damien era o que eu tinha eleito pra rei do meu pandemônio musical, pensava que jamais conheceria alguém pra gostar dele o suficiente pra ir a um show comigo.
O cara do nosso lado era um Damien em pessoa. Ele estava com a namorada e tinha aquela cara de pamonha incomodado, que acabara de acordar. A namorada era toda efusiva, mas, durante o show, tu tinha a impressão de que ela gostava mais do que ele.
A produção começou a acender as velas no palco. O Citibank todo silenciou. Só que era alarme falso, e o burburinho tomou novo impulso.
Uma das coisas que mais se comentou antes do show era se ele viria com a banda e a Lisa Hannigan, ou se seria um show de voz: só ele, o violão e deus. Aliás, Lisa Hannigan era um assunto recorrente. Vir sem banda é uma coisa, pode ser irrelevante, agora a Lisa... "I Remember, por exemplo, vai perder completamente a graça".
Nathy comia sementes de girassol. E eu, ainda que muito alegre com ela lá, tinha vontade de dar-lhe uns cascudos por ter esquecido a câmera fotográfica. Não que eu me importasse realmente, porque, em se tratando de show do Damien, eu teria sérios problemas para querer fotografar qualquer coisa, ao invés de assistir.
Então o pessoal começou a dar os avisos de segurança e a Nathy deu um último aperto na minha mão e soltou assim que o Damien adentrou o palco! Ele entrou discretamente, calado, sob os urros do pessoal empolgado e já se dirigiu para o microfone, embalando a primeira música: The Professor & La Fille Danse. O pessoal foi à loucura! Eu, então, putz, perda total: comecei a cantar alto com todo mundo.
Ele vestia uma calça marrom, um sapatênis marrom, com cadarços estranhos e uma camisa social meio arregaçada de tanto usar. Magro, a barba mal feita de sempre, o cabelinho bagunçado. A voz, um tremendo poçante. Igualzinha; você sabe que é ele cantando em qualquer lugar do planeta.
No meio da música - uma das que eu mais gosto -, comecei a chorar. Cantava e soltava os meus "UHUUUUUUUU" ao mesmo tempo. A Nathy é um pouco mais contida nesse sentido, mas não se importou, e eu fiquei muito à vontade.
Durante a pequena pausa entre a primeira e a segunda músicas, o pessoal começou a pedir por Sand. Ele simplesmente disse "how the fuck do you know Sand? well... first, i'll sing this song and, maybe, next song can be your choice". E embalou Delicate. Delicate é a música que o menino da Ana canta pra ela. Uma palinha pr'ocês:

we might kiss when we are alone
when nobody's watching
we might take it home
we might make out when nobody's there
it's not that we're scared
it's just that it's delicate


Francamente, eu rezava pra que ele não se sentisse inibido, ou mesmo desconfortável com uma platéia brasileira. Que nada. Depois de Delicate, começou a fazer piadinha e falar "i'm feeling such a heat - you know, a warmth - from you". Realmente, fomos uma platéia calorosa. E cantávamos bem, como ele próprio afirmaria algumas músicas depois. "you sing well... so far".
Nisso, eu já tinha secado as lágrimas das duas primeiras músicas e ele embalou Sand, a pedidos. Sand foi de fato uma boa escolha. Fala, entre outras coisas, de como nós desperdiçamos tempo, errando no básico ao conhecer uma pessoa e o que ela sente, porque estamos mais preocupados em provocar erupções sem sentido. eu não sou um grão de areia, não ligo pr'o que tá escrito na tua mão, porque isso tá destinado a mudar.
Depois de Sand, o Damien falou da chuva na Irlanda e começou a contar um causo: "one day, i was in bed, looking at the stars over the window and, for no reason at all, i was feeling really pissed off, which, as you know, is something really unusual for me". Risos gerais. "anyway, i was really pissed off, so i decided to call my friend; a woman, to whom i've been friend - and we were only friends - for... how do you say it? siete? sete? oh, sete? all right, sete ános. and she said 'wanna come over? come over'. and i went to her house". Uhhhhhhhhhhhhhhh's gerais. "she said that her sister was away and i could stay in her bed... while she would sleep in her sister's bedroom! well, then i got more pissed off!". Enfim, ele contou a história que desembocava em Amie, a próxima música.
A voz dele enchia o Citibank Hall e todo mundo 'tava igualmente inebriado. Poucos sentiram falta da Lisa ou de qualquer banda. As batidas eram improvisadas no próprio violão e a luz roxa focava nele o tempo inteiro. Às vezes, dava voltas na platéia, mas depois retornava ao fofo.
Quando Amie parou, ele introduziu Woman Like a Man afirmando o seguinte "this next song was written after Amie. somehow, it's impressive that, when you love somebody so fucking much, you're as well capable of hating this person on the same level".

i need a piss
wanna hate
fuck it up
come

my love
eat your meat
keep your teeth
run

you lost me
you cost me
you thought me of me, yeah

we're bad
what we do
stupid fools


Não sei por que tipo de traumas amorosos esse menino deve ter passado, mas certamente foram muito produtivos. Na sequência, ele tocou Elephant, pra lembrar-nos de que ainda é um cara deprimido.
O Damien gesticula bastante. Ele faz aquela cara de quem tá explicando algo complicado, que as mãos, por algum motivo, parecem desenvolver melhor que ele. Achei isso totalmente bacana, ainda mais porque não é coisa que se vê no Youtube.
Depois de Elephant, veio a música que todos comentavam que perderia a graça sem a Lisa. E, se pá, essa música calhou de ir pr'o repertório, pr'ele provar que pode se virar muito bem sem ela. Caralho. E pode! Reconheço que a música não atinge o nível super star da versão original, mas não deixa de ser uma baita Brastemp.
Muita gente sentiu falta da Lisa nessa música. Mas eu achei que a versão ficou boa e a Nathy também não reclamou. Era o que importava.
Então, senhoras e senhores, eu tive um tremendo treco. Ele deu aquela filosofada básica e desceu a porrada em Coconut Skins, minha música fa-vo-ri-ta. Segue a letra (isso se eu já não postei aqui ou em algum outro lugar):

you can hold her hand
and show her how you cry
explain to her your weakness so she understands
and then roll over and die

or you can brave decisions
before you crumble up inside
spend your time asking everyone else's permission
then run away and hide

you can sit on chimneys
put some fire up your ass
no need to know what you're doing or waiting for
but if anyone should ask...

tell them i've been lickin' coconut skins
and we've been hanging out
tell them god just dropped by to forgive our sins
and relieve us our doubt

you can hold her eggs
but your basket has a hole
you can lie between her legs and go looking for...
tell her you're searchin' for her soul

or you can wait for ages
watch your compost turn to coal
but time is contagious
everybody's getting old

so you can sit on chimneys
put some fire up your ass
no need to know what you're doing or looking for
but if anyone should ask...

tell them i've been cookin' coconut skins
and we've been hanging out
tell them god just dropped by to forgive our sins
and relieve us our doubt


"sometimes i feel i got this planet of problems sitting on my shoulders, you know? so, every now and then, when i'm pissed off, i turn on the bath. it works, trust me. i'll tell you. when the bath is almost full, you get in, with clothes and all, you kneel (e ele se agachou mesmo), hold your breath and submerge. when you feel like coming up, you take your own hand and push your head in, for like 10 more seconds. you can take it. and then, when you get your head out, there you go: no more problems. you're breathing again". Parece sério, mas a encenação foi muito engraçada. Nisso, ele pediu que apagassem todas as luzes. Ficamos no escuro ao som de Cold Water, cujo trecho final ele imendou em Hallelujah.
Então começou a zona. Volcano deixou o bom moço agitado e ele se empolgou ao final da música. "everybody who wants to sing along, come on here!". Meia platéia foi. A Bah, inclusive. Os seguranças olhavam com cara de "mas que bicho mais idiota" e o Damien dizendo a eles "it's ok, it's ok". As pessoas subiram e foram divididas em dois grupos. E... Bem, eu fiz um videozinho disso. O som tá ridículo e há umas interferências no som que são (isso é que é qualidade, hein?) as palmas do pessoal. Risadas e comentários em inglês audíveis foram obras minhas e da Nathy. Toma:



Ah. Foi sensacional essa parte do show. Findo o frenesi, Damien cantou Rootless Tree, ou Fuck You, como queira, e eu tornei a me emocionar, porque é uma das minhas favoritas também. Uma palinha pr'ocês:

and all we've been through
i said leave it
it's nothing to you
and if you hate me
then hate me so good that you can let me out
let me out of this hell when you're around
let me out...
and fuck you, fuck you, i love you
and all we've been through
i said leave it
it's nothing to you
and if you hate me
then hate me so good that you can let me out
let me out...
it's hell when you're around


Daí, pra pseudo-encerrar, ele deixou o microfone de lado, desligou o amplificador, foi até a ponta do palco e cantou Cannonball a plenos pulmões. A platéia era um misto de admiração e vontade de cantar junto, mas nos seguramos bem. A voz dele ressoou. E todos aqueles que não conseguiam se conter (eu inclusa), fizeram o que eu chamaria de um coro de fundo perfeito: baixinho, baixinho.
Deixou o palco sob aplausos empolgadíssimos. Eu e Nathy gritávamos.
Dali alguns minutos, ainda sob aplausos, voltou para o palco. Começou a contar a história da vinda pr'o Brasil. Aparentemente, ele tem uma amiga com dois filhos em Florianópolis e ficou sabendo do que sucedeu à Santa Catarina nos últimos tempos. Resolveu vir e fazer shows, pra arrecadar fundos que serão revertidos em ações e projetos de caridade.
Daí ele falou algo sobre ter ido a um bar de "sals... samba, samba!" no dia anterior. Pediram pra que ele dançasse; ele disse "no, no". E começou a falar de uns amigos músicos brasileiros que tentaram ensinar alguns acordes legaizinhos, que ele não conseguiu pegar.
Eu me distraí e, no minuto seguinte, quem adentra o palco, com uma guitarra chegay?! Max de Castro, o famoso Simoninha! E começam a cantar Desafinado. O Damien, desafinado que só, ficou mais encolhido nessa canção, só com o microfone (ainda assim uma gracinha):

o que voscê nao sabe nem sequer prressente
e que os desafinados tabem têm un coraçao
fotogrrafe voscê na minha Rolley-Flex
rrevelo-se a sua edorme ingratidao


Depois de Desafinado, o Simoninha deixou o palco e o Damien tocou aquela canção, por meio da qual a gente ficou sabendo da sua existência: The Blower's Daughter, música tema do filme Closer - Perto Demais. Nathy e eu concordamos alegremente: "não foi a primeira, não foi a primeira!".
Na sequência, o Damien agradeceu o elefante com chapéuzinho do Brasil que havia ganho de alguém da platéia. "i have no fucking idea of what i'm suppose to do with it, but i appreciated it anyway. who gave me this elephant?". Uma menina levantou a mão. Ele, então, apanhou o vinho que a produção deixara no palco junto das velas, e pediu que ela fosse até lá. "come on and have a drink with me". A menina foi, mas disse que não bebia. "she doesn't drink" - ele disse e, imediatamente, eu e uns outros gatos pingados levantamos a mão e começamos a berrar "I DRINK!!! I DRINK THE WHOLE BOTTLE!".
Daí ele pediu que os seguranças com cara de cu escolhessem um menino e uma menina da platéia para beber com ele. Pegaram um menino e uma menina da primeira fila.
Os dois subiram, sentaram com ele no palco e ele encheu três taças com vinho. Bebeu tudo num só gole e os bons bebedores da platéia reconheceram o talento do cara. Um deles (e eu suponho que tenha sido uma menina) gritou "MARRY ME!".
Então, ele começou a contar essa história sobre esse cara "who was pissed off", que conheceu essa menina linda, aparentemente desacompanhada. Ele a chamou pra ir beber e ela aceitou o pedido com um sorriso.
"they were there talking and drinking, and it was a lovely night. and you're amazed by this girl, but then you two finished the bottle. oh god. what should you do now?". E olhava para os dois, como se eles precisassem encenar uma conversa; eles fingiam qualquer coisa e o Damien completava "we should have another bottle!". Ele ia lá e enchia as três taças novamente. Chegou num ponto, a menina falou que não ia mais beber, porque teria que dirigir.
"oh, no, no. drink more". Não sei se ela bebeu, só sei que ele insistiu uma vez, depois não mais. Enfim, duas garrafas de vinho foram exterminadas em pleno palco. E ele contava a história até a parte em que "then, when we couldn't take any more wine, i remembered that my bus, by that time, was no longer passing. i got a little nervous, but then i looked at her and she seemed so calm, i assumed she lived thereby. i asked her if she lived near, 'cause there weren't any more buses at that time. and then she said she was gonna meet her boyfriend somewhere". Não lembro se foi então - acredito que tenha sido -, mas ele levantou, cambaleante, acendeu um cigarro e foi até a outra extremidade do palco, com a taça de vinho na mão. Fez um sinal à produção e a gente só ouviu aquele som de fundo de Cheers Darlin'. Ele deixou a taça no chão, pegou o microfone e começou a cantar, caminhando de um lado a outro do palco, como se estivesse tremendamente bêbado.

cheers darlin'
here's to you and your lover boy
cheers darlin'
i got years to wait around for you
cheers darlin'
i've got your wedding bells in my ear
cheers darlin'
you gave me three cigarettes to smoke my tears away


Ele gritava especialmente nos "here's to you and your lover boy". A Nathy olhava pra mim e dizia "ele é louco". Ele é demais.
Cheers Darlin' foi a última música. Ele agradeceu aos aplausos e deixou o palco meio zonzo. O público aplaudiu durante uns cinco minutos e muitos, assim como eu, devem ter sentido que haviam acabado de assistir ao melhor show de suas vidas.
Nathy e eu levantamos e nos encontramos com a Bah e a Juh do outro lado. A Juh não estava com a cara tão boa. Ela queria muito ver a Lisa Hannigan e a música favorita dela, Older Chests, não entrou no repertório. A Bah estava toda efusiva e corria atrás de todo mundo da produção pra ver se conseguia entrar no camarim. Fez muito bem, porque houve uma hora em que um cara batuta a chamou, junto de outras pessoas, igualmente efusivas. Eu não perdi tempo, agarrei a mão da Nathy e plantei guarda na portinha que a Bah havia acabado de atravessar junto do resto do pessoal.
Demorou uns 10 minutos, mas, enfim, chamaram mais três pessoas. A gente conseguiu entrar junto de um carinha chato.
A Nathy fazia novamente patê da minha mão e, ao contrário do que esperava, eu não estava um tiquinho nervosa. Sabia exatamente o que queria dizer pra ele: "hi!!! *__* i loved your show. thank you so much for coming to Brasil... CAN I HUG YOU?".
Entramos numa saleta e eu fui a primeira a falar com ele. O moço é um pouquinho mais alto que eu, tem olhos azuis penetrantes e muito atenciosos, a barba avermelhada. Eu o cumprimentei, mas nem precisei falar a parte do "can i hug you". A gente simplesmente se abraçou. *-* Ele é bom de abraçar. Adoro esses caras magrelas, só um pouquinho mais altos que eu.
Em seguida, foi a Nathy, mas nisso eu já estava pegando um cacho de uvas que havia por lá. Depois da Nathy, o cara chato alugou o Damien pra falar da mãe doente e de como um autógrafo significaria muito pra ele (quando o moço da produção avisou que o Damien não gostava de assinar nada, muito menos bater foto). Falou também sobre o povo brasileiro e, nesse ponto, o Damien voltou a falar do bar de samba, com o pessoal dançando e toda aquela energia. As mãos dele pulavam de tanta empolgação.
Eu não podia estar mais contente. Alguns minutos depois, era a vez da terceira levada de gente entrar. E aí eu fiz questão de interromper um pouco o cara chato para abraçar o Damien de novo. Tipo. Soou até estranho como tudo pareceu tão natural. Eu simplesmente disse "excuse for just one second, please... Damien... we gotta go, so i... ah... anyway". *_________* E pá. O segundo abraço.
Segurei a mão da Nathy e saí de lá... feliz.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

O que eu penso e sou numa noite, na contramão.

Eu estava quase são. Recomecei a sentir meus pés e o mundo que eu via voltava à rotineira calma. Meus amigos tinham enlouquecido na noite anterior; eu tinha sobrevivido, como sempre em revolto tédio. Algo sempre me puxa pra baixo. É uma força estranha; talvez a chuva.
Meus dedos das mãos estavam duros. Eu não sabia o que passava até dar meio-dia e aquele sol morto ter invadido o quartinho pequeno. Há horários simbólicos na vida da gente. Meio-dia e meia-noite são dois. 11:11 também, mas porque eu sou ao mesmo tempo sonhador e idiota.
Se eu fosse mesmo um homem, jamais escreveria alguma coisa sobre o 11:11. Gente, ainda bem que não sou homem.
Eu levantei do sofá, cheio de dor nas costas. Ainda revia na cabeça cenas da noite passada: uma pista de dança, o cheiro dos cigarros e da cerveja, as meninas se insinuando e meus amigos se embriagando. Tenho amigos mais idiotas que eu. Eles me fazem rir e me distraem com suas discussões de alto teor alcólico.
Os meus melhores amigos são todos melhores que eu e me ensinam coisas bacanas, porém tenho um tesão tão grande por eles, que, pra relaxar, acabo preferindo sair com os idiotas. Mentira. A preferência pelos idiotas, digo. O tesão tá sempre lá.
A menina que eu queria pegar estava bêbada e eu desisti. Houve uma hora em que eu senti uma daquelas vontades ridículas de cão excitado, mas deixei de lado quando a vi de lá pra cá com a latinha de cerveja, falando sobre budismo. Esses mortais e seus desejos infalíveis.
Saí carregando um pelo braço. Eram 5h30 da manhã e eu larguei todos no metrô. Dois deitaram na escadaria, eu ri e virei as costas. Não seria a primeira vez, tampouco a última. Idiotas ou não, eles sabem que eu pulo fora quando me entedio. E eu me entedio.
Fedia a cigarro e bebida, mas não estava cansado. Queria ficar a sós, então não fui pra casa. Ninguém me esperava. Ao menos, assim eu fingia. Fingir, pra mim, sempre foi algo simples... Fingir coisas reais, porque os dragões e todos aqueles cenários medievais já foram embora. Talvez por isso - mas só por isso - eu lamente o fato de não ser mais criança.
Quando criança, eu costumava imaginar esconderijos e passagens secretas, dentro do castelo que era o meu sobrado. As coisas começaram a mudar quando do sobrado fomos para um ap de 65 m². Só que, de lá, eu via o céu de pertinho. Os sonhos podem ter ficado mais reais, sim, mas também aumentaram de tamanho diante daquela imensidão. Quem faz das estrelas esconderijo é a pessoa mais bem escondida do mundo. Eu já não precisava me enfiar debaixo da mesa de jantar.
Pois é, eu não sou mais criança. Não falo mais em dragões. Agora penso em demônios. E olha que eu não sou velho, nem tenho grandes coisas das quais me arrepender.
Penso muito na minha Independência; não gosto que me esperem, não gosto de depender de ninguém pra considerar um dia perfeito; gosto de me bastar comigo e com a minha grana - e só com ela. A Independência é o demônio que não dá folga e, por isso, eu deixei todo mundo no metrô e saí com ela.
Paguei um quartinho imundo, pra passarmos a noite. Não raro, eu tenho desses repentes e meu paradeiro é absolutamente desconhecido. Não sei se vocês já experimentaram, mas, se tiverem energia pra saborear, sugiro que prestem atenção à diversão que segue à diversão. Como quando a gente chega em casa cansado de dançar, coloca um pijama e dorme. Ou quando você acaba de sair do cinema e tem a chance de comentar o filme com alguém. Ou ainda quando você deixa os amigos no metrô e caminha, sozinho, um pouco antes de nascer o Sol, junto àquele resto de sereno da madrugada.
Eu realmente me divertia comigo, caminhando e pensando sobre as besteiras da noite. E, eventualmente, sobre as minhas besteiras. Tinha uma vontade louca de escrever e de beber uma latinha de fanta-uva. Decidi passar na padaria e comprar a maldita fanta-uva, mais um enroladinho de salsicha e carolinas para a sobremesa. Nunca conheci nenhuma outra carolina tão gostosa quanto as que apanho em determinadas padarias. Eu, como homem, tenho direito a esse tipo de comentário.
Cubículo com cama e sofá. Fiquei no sofá com a minha fanta-uva. Queria um espelho para poder ver minha língua mais vermelha que o habitual, mas não havia desses luxos. Não tinha meu caderno comigo. Nem caneta, nem nada. Comecei a pensar em escrever nas paredes com sangue, mas não gosto de nenhum tipo de dor. A ideia apenas flutuou.
Eram quase 7h da manhã. A diversão já tinha passado; eu pensava na menina que queria ter pego e em como pareço estar cercada de pessoas que se orgulham das próprias concepções de mundo, mas estão apenas afogadas nelas. É vergonhoso, mas eu chego ao ponto de poder dizer que sou mesmo superior. Ela falava das coisas em que acreditava e eu, fingindo ser algo que se assemelhava a um ateu, ouvia atenciosamente. Foi inebriante. Até que a menina se chapou toda, como se já não tivesse bebido o suficiente, e eu larguei de mão daquilo. Guardei por um tempo o que me impressionou, mas acabei descartando.
Aquilo que te cativa, pela simples sobriedade mágica do momento, regada a discussões envolventes, na maioria das vezes vai ser descartado. As pessoas são demasiado incompetentes pra sustentar com força suas ideias. Elas queimam neurônios com muito mais destreza e vontade.
Às vezes eu realmente sinto um certo tipo de violência pelos seres humanos. Algo que me atinge com raiva e tamanho desrespeito que é preciso segurar a saliva na boca pra não cuspir. Só que eu também sou cheio dessas e logo desvirtuei; comecei a pensar nas pessoas que amo e que me divertem de fato.
De alguma forma, sinto que elas conseguem se misturar com mais facilidade, sem conflitos. Ainda assim, sempre que faço uma ideia delas, imagino a capinha do "O" do Damien Rice. Há gente que realmente não deixa de ser quem é quando se mistura; se pá, exagera um pouquinho, mas não precisa fingir nada. Tem essa guria, por exemplo, que sai pra pegar "filés". Alguns não têm cérebro, outros têm, mas, por algum motivo, ela não se acerta com eles. Pessoas que têm muito cérebro, quando juntas, se perdem em meio a discussões idiotas. Talvez pra compensar a carga de utilidade. Enfim, ela pega, volta pra me contar e passamos a tarde conversando sobre isso e todo o resto.
O gozado é que eu deixo saber que sou o match dela, mas, talvez por um equívoco biológico, não nasci homem, algo que, nesse sentido, acaba me limitando. Homens e mulheres deviam ser mais que os próprios corpos, deviam ser todos bissexuais. Besteira. Eu digo isso, porque sou um homem frustrado.
Tenho também um amigo muito otimista. Sempre que nos deixamos levar por nossas opiniões, o meu mundo acaba e o dele continua, com lobistas e verde convivendo em notável harmonia. Eis um cara, cujas palavras não me silenciam nem admiram em nada. Há pessoas que fazem sentido e têm um enorme senso de finalidade; há outras que apenas fazem sentido. Eu e meu amigo nos ajeitamos confortavelmente na última opção. O que é muito conveniente, já que eu não gosto de pensar no futuro.
Minhas carolinas começavam a acabar. Já eram 7h20 da manhã e eu me sentia improdutivo.
Tinha muito sono e meus pés estavam dormentes. O tédio começava a se abater sobre mim, porque, fazendo as minhas vezes de fútil, eu pensava que, bêbada ou não, a menina podia estar me distraindo. Fato que me entediava mais ainda, porque, considerando as pessoas demasiado incompetentes pra sustentar com força suas ideias, colocar-me no lugar delas é grotesco e eu não ia abrir mão da minha razão por qualquer prazer insólito. Não ia? Nessas horas, eu perigo gritar um grande FODA-se.
O reconfortante nisso tudo é que, agora, pelo menos, eu não fazia tanta questão da menina; poderia ser qualquer uma que eu me bastava. Mas o mais reconfortante, por trás dessa ironia ridícula, era eu estar sozinho - senão por ideal, ao menos pela representação desse ideal. A isso chamamos dignidade: a sobra involuntária que acaba concordando com aquilo que você diz que pensa.
Dormi.

Ao meio-dia, então, levantei de vez. Alardeando por dentro o tédio remanescente e a vitória de mais uma noite de resistência. Eu não havia cedido, permaneci superior, apesar de ter lamentado qualquer coisa que, agora, não fazia tanta importância. Lá fora, reluzia um sol fraco que, logo mais, daria lugar à chuva.
Deixei o cubículo com sofá e cama. Sentia-me distante e começava a analisar o hotelzinho fundo de quintal, o dinheiro que saía da minha conta por causa de uma noite de Independência, o celular com bips seguidos de chamadas perdidas. Havia pessoas que se preocupavam comigo e que me esperavam. Bufei, não de insatisfação ou qualquer outra mediocridade. Não, de todas as coisas que eu poderia ser e sou, não sou uma pessoa ingrata. Bufei porque precisava inventar uma história convincente, e isso dá trabalho quando você promete voltar de manhã e chega na hora do almoço, sem razão aparente.
"Promete não ficar brava? Ok, eu sei que você já está. Tenho uma explicação racional pra tudo isso: fiz sexo selvagem e estava na casa da menina até há pouco. Contente? Não atendi ao celular, porque não ouvi. Sim, sim, estou voltando pra casa.".
Eu realmente sempre fui muito bom com esse negócio de fingir coisas reais. E a chuva começava a cair.