terça-feira, 26 de junho de 2007

Eu e o primo

CENÁRIO: Guarujá, sacada do Vô, de frente pr'o mar...
Eu: ô Ricardo, por que a água do mar é azul se quando a gente pega na mão ela é transparente?
Ricardo: deve ser reflexo do céu...
Eu: ahhhh. Cara, eu nunca tinha pensado nisso.
Silêncio.
Eu: então por que o céu é azul?
Ricardo: é reflexo do mar.
Silêncio.

Eu: mas lá em São Paulo não tem mar...
(...)

sexta-feira, 22 de junho de 2007

i can't find the time to tell you (hootie & the blowfish)

ba da ba da da da
i can't find the time to tell you
ba da ba da da da
i can't find the time to tell you

so many things to say i could
fit 'em in a book, fit 'em in a book
of a thousand pages, yeah
so many people say that i
couldn't tell a lie, couldn't tell a lie
in a thousand ages

baby you're wrong
baby you're wrong

ba da ba da da da
i can't find the time to tell you
ba da ba da da da
i can't find the time to tell you

i look at your pretty face and i
fall in love with you, fall in love with you
every time i see you, yeah
nightgowns of regal lace that are
flowin' to the ground, flowin' to the ground
in a mist around you

baby you're wrong
baby you're wrong
baby you're wrong
baby you're wrong

ba da ba da da da
ba da ba da da da
ba da ba da da da
ba da ba da da da

i can't find the time to tell you...

domingo, 17 de junho de 2007

Obsolescências de um domingo

ao andar por aí, só e descontraída, gosto de gravar na cabeça nomes interessantes de ruas e lojas, lugares, conveniências inusitadas. por exemplo, eu descobri onde é que tem um clube de cães, para o caso de querer freqüentar um qualquer dia, ou mesmo para informar quem estiver à procura. achei também um sex shop que funciona aos domingos a partir das 6h da manhã; diga-se de passagem, é o único estabelecimento aberto nas redondezas... também encontrei a seguinte rua: são joão carlos kruel.
eu devo ser um tipo de serviço esquecido no contingente de serviços de atendimento à população... já fui capaz de informar onde é que se compra edredon a preços altamente negociáveis; onde ficam e quais as comodidades de pensões baratas; onde ir na vontade de escutar boa música (incluso jazz, punk e tango) de graça; onde fazer bons cursos de teatro, literatura e artes sem custo algum. antigamente, eu até ensinava a andar de ônibus sem pagar passagem.
o problema é quando uma das coisas nas quais a gente tem que parar pra pensar é a merda do vestibular. e hoje eu fiz o meu primeiro simulado do ano e a coisa não foi lá das melhores... [penso eu que, de todas as babaquices que um ser humano tem que fazer na vida, vestibular é uma das maiores...] principalmente se aquilo que tu quer tá com uma nota de corte que chega a ser ofensiva pra quem é 100% humanas, paz e amor. oh my god.
mas é a vida... daí tem gente que chega pra mim e fala "mas e a cásper?". putz, e eu lá com a cásper? quando eu quero uma coisa, eu quero uma coisa e não adianta tentar substituir. e, pra minha sorte (ou não), eu sei o que eu quero. eu quero a grama da ECA. eu quero aqueles ensaios fotográficos mirabolantes. eu quero a arte, as palavras, os cabelos esquisitos, os ilícitos, as discussões, os depressivos, os fãs de bukowski. e eu quero re-la-xar. ai, ai... [normalmente, se eu me ouvisse dizendo isso, já partiria pra cima de mim com as minhas superstições: "não, porque no ano passado, sua anta, tu não passou porque 'tava assim, querendo lerolerolar". mas, como hoje estou com o meu lado racional enaltecido, deixo que ele diga: "quanta besteira, meu deus do céu... vou mentir pr'o meu espírito então?! dizer que o quero mesmo é levar a sério?! minha santíssima, e o que é que eu levo a sério nessa vida?! vou começar agora por quê?! que cazzo!". e seguem as reticências de culpa.]
daí eu penso em livros... putz! quantos livros eu gostaria de ler! e prometo pra mim que, quando crescer (!), terei uma livraria que fechará aos domingos só para que eu me esconda nela.
daí termino o dia quase bem (não fossem por essas pequenas animosidades quanto ao meu futuro jornalístico), porque assisti ao shrek terceiro e porque tenho um certo apreço pela escandalização que faço daquilo que o outro pensa de mim.
bah. dormir.

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Sucrilhos

CENÁRIO: cozinha, louça na pia.
Eu: eu preciso de um... um... putz... recipiente. Nossa, é tão esquisito falar re-ci-pi-en-te.
Mãe: um vasilhame.
Eu: ah, não encontro um que sirva.
Mãe: é óbvio, tem que lavar.
Eu: dá muito trabalho.
Mãe: você vai ter que lavar depois mesmo...
Eu: ah, eu sei, mas ainda assim vai contra os meus princípios. (...) Gr! É frustrante não encontrar um potinho proporcional a minha gula... Dá uma sensação de... de...
Mãe: impotência.
Eu: éééééé.

O lençol.

Está na Tabacaria que um dia Álvaro de Campos contou;
naquele canto do quarto que se usa pra falar com deus;
naquela tarde fria em que o romance começou de fato;
está naquela parte da música que a gente vive esperando.
À parte todos os detalhes capturados,
quem vai me dizer que não somos todos a mesma coisa?
Acredito em extensões de nós mesmos por simples lógica,
porque não posso querer ser nada,
mas também não posso ser alguma coisa
sem que haja quem tenha sido antes de mim.
Quero pensar que somos xerox. Cópias autenticadas,
autênticas só na aparência...
Porque, e me perdoem a presunção, às vezes
o que enxergo é apenas um enorme lençol:
sem cor definida, grande como o mundo, da altura do céu.
"Todos iguais, mas uns mais iguais que os outros".
Então, preciso que tu me pegue pra contar seu passado,
pra saber de ti o que sai do lençol,
pra tu deixar de ser cópia com trejeitos de autêntica,
pra ser uma cópia nossa, extensão do que eu sei,
do que eu sinto, do que a gente precisa.
Entende?
Feito isso, é então que tenho em mim todos os sonhos do mundo.

Current Music: Ana (Maná)

segunda-feira, 11 de junho de 2007

ele que me faz bem

Quando senta ao meu lado e as coisas vão bem, tão bem que eu chego a jurar que poderia querer com ele de outra maneira. A gente se chuta, se afasta, se encosta, se xinga e adia os estudos só para conversar mais um pouquinho. E quando ele segurou a minha mão de outro jeito naquele dia, não minto não, eu até conspirei: "se não houvesse a namorada dele, eu ía!".
São repentes... Construções das mentes distraídas. A vantagem de não ter a quem querer muito é poder dissipar por aí certas vontades. E a vontade que eu tinha dele naquele instante teria me ganho, não fosse pelo que considero uma sa-ca-na-gem sem tamanho.
Sabe... Manter certas vontades sob controle é necessário. "Liberdade é saber dizer não", já dizia Mamãe. E eu sei que o que parte da gente é curiosidade, mais nada. Talvez até um pouco de investigação da minha parte, porque, convenhamos, ele é um virginiano adorável... Virginianos: tsss (barulhinho de cerveja abrindo).

Agora tá meio estranho, porque eu resolvi que era preciso me afastar um pouco, mas as conversas sobre signos, física, o fato d'ele querer ficar rico, sociedade, revistas e sexo continuam.
E é uma viagem quase sempre, sabe? Adoro. ^^''

sábado, 9 de junho de 2007

Paradas

Tem Parada Gay, Dia do Índio, Dia da Consciência Negra, sistema de cotas... Eu quero uma Parada Hetero, pô! E quem sabe um Dia dos Brancos? Hey! E por que não um Dia dos Brancos de cabelo encaracolado?!

quarta-feira, 6 de junho de 2007

Brutalidades

Veio aquele garoto de calça rasgada, camisetão e boné preto responder a ela, com ar de importância: "não é que eu não precise mais de você; é só que eu sinto que não estamos em pé de igualdade". "Como assim?". "Se quer saber, eu gosto muito mais de você do que você de mim, então achei melhor não me gastar sem que haja retorno". Ela deu as costas e foi embora.
E o que sabia ele sobre aquele tipo de atitude? Tinha todos os dados anotados na cabeça: a data do aniversário, a data do princípio de tudo que tinham, as roupas que preferia, o que gostava de ouvir, de dizer nas brigas para ofender, de dizer pra chamar atenção. No entanto, há sempre algum percalço, algo que não se decifra - apesar de ali, constante - e o do momento era essa sensação de que alguma coisa no sentimento mudara.
Havia algumas semanas, ele reparara que os bons dias diminuíam de quantidade e de intensidade. Brigas são comuns. O que não é comum é aquilo de perder a vontade de ver. E algo o avisava de que essa vontade dela pensava muito, fato que o convenceu a colocá-la na parede e, em cisma, fazê-la confessar o quer que fosse ou não fosse.
Relacionamentos de um tempo mais longo que o normal tomavam dois rumos na cabeça dele: ou continuavam, ou retomavam o que não era mais - e o que não era mais significava o final de tudo o que fora: desde a amizade, aquela expectativa do primeiro beijo, aquela cumplicidade que os leigos por aí chamam de namoro até aquela amizade de mentira que sobrevive por um curtíssimo período de tempo após o desmache. Mas fim... Não se podia avançar para retroceder, o que explicava por que as ex's dele eram apenas lembranças de outras épocas, e apenas lembranças.
Só que bate aquele friozinho alarmante na consciência que opina "que merda que eu fiz?!". A medida dos últimos minutos: ele precisava vê-la e conversar. Mas como assim ela andou na direção oposta sem dizer palavra, sem dar satisfação, sem questionamentos? Ah... Uma coisa que o ser humano muito esquece é que nenhum outro ser humano tem a obrigação de considerá-lo, o que ele bem sabia, mas ignorava porque... bom... porque o tal do amor tudo pode. E foi ele quem fez desandar.
"Ah... Não vai poder ser assim a seco. Eu vou fazer algo especial, pra impressionar!". Já mencionei que o cara era rapper? Pois sim, pois sim... Era rapper e foi compor um rap pra raptar sua menina de volta! =0P
*Logo, logo, assim que puder, vou telefonar
Por enquanto tá doendo
E quando a saudade quiser me deixar cantar

Vão saber que andei sofrendo
E agora, longe de mim,
Talvez você possa enfim
Ter felicidade
Nem que faça um tempo ruim
Não se sinta assim
Só pela metade
Ontem demorei pra dormir
Tava assim, sei lá
Meio passional por dentro
Se eu tivesse o dom de fugir pra qualquer lugar

Ia feito um pé de vento
Sem pensar no que aconteceu
Nada, nada é meu
Nem o pensamento
Por falar em nada que é meu
Encontrei o anel que você esqueceu
Aí foi que o barraco desabou
Nessa que meu barco se perdeu

Nele tá gravado só você e eu
Ontem demorei pra dormir
Tava assim, sei lá
Meio passional por dentro
Se eu tivesse o dom de fugir pra qualquer lugar
Ia feito um pé de vento
Sem pensar no que aconteceu
Nada, nada é meu
Por falar em nada que é meu
Encontrei o anel que você esqueceu
Aí foi que o barraco desabou
Nessa que meu barco de perdeu
Nele tá gravado só você e eu
Aí foi que o barraco desabou
Nessa que meu barco se perdeu
Nele tá gravado só você e eu
Aí foi que o barraco desabou
Nessa que meu barco se perdeu
Nele tá gravado só você e eu*
Não era dos melhores, mas ele resolveu que a situação, emergencial do jeito que era, podia gozar de menor capricho. Saiu inseguro; queria aparecer na casa dela de surpresa, pedir desculpas e ouvir explicações que estivessem longe de alcançar o nível de seus receios. Tipo assim "é fase, baby, liga não que passa".
Dizem por aí que há diferentes modos de amar. Ele sempre teve medo de amá-la dum modo diferente do dela, apesar de gostar muito do jeito como ela projetava os dois de dentro pra fora. Contudo, como já dito, há sempre algo de inalcançável em todo ser humano... E demonstrações de afeto projetam apenas um princípio do que seria a coisa toda. Porque nessa vida, diacho!, há limite pra tudo, inclusive para demonstrações. Se não houver limite, a situação passa a envolver brutalidade e brutalidade inclui inconveniências um tanto mais imbecis que aquelas provenientes daquele amor, não amor de sempre, não comum, mas daquele que consegue "funcionar".
Ele temia. Só deus sabe como temia ouvir o que não quisesse naquele instante. Era ali: "eu preciso falar com você!". "O que você quer?". "Dizer que eu fui estúpido. E que compus uma música pra você! E também vim perguntar o que é que você tem pra me dizer e não diz!". "Não tenho nada pra te dizer.". "Tem sim! Eu sei, eu vi! Você me queria mais antes!". "Você também não me olha mais daquele jeito!". "Os olhares mudam! Antes você podia escapar deles, esconder as coisas, agora eles não mentem mais! Eu não tenho a manha de te olhar como um embrulho novo a cada hora que você passa do meu lado.". "Eu tenho saudades disso! Eu procuro por isso, eu quero isso de novo!". "Você tá fazendo birra! Vai me dizer o que é ou não?!". "Tá bom então... Acho que eu não te quero mais...".

Então ele vai questioná-la, exigir satisfações, morrer de ciúme e raiva; ela responderá 3/4 do inteiro ou não. Ambos vão se culpar; talvez um dos lados diga que não foi amor. Talvez ambos os lados falem sobre o que nunca foi, ou o que deixou de ser. Ele vai vomitar a música. Ela vai tentar protegê-lo de sua companhia. Os dois farão tentativas mínimas de reaproximação, nas quais ele se prostrará diante dela com certa sutileza derrotada, uma arrogância de dar pena e más perguntas, e ela meditará certo tempo sobre os seus sentimentos (ou ausência de), com raiva e considerações pequenas acerca daquele menino que um dia a descreveu de um jeito quase certo.
Até que um dia, vencidos pelo cansaço ou pelas tais medidas drásticas, um vire uma vaga lembrança do outro...

*Na verdade: aí foi que o barraco desabou (exaltasamba).