segunda-feira, 19 de outubro de 2009

a novela mexicana narrada via sms

Hoje a mina do esquema Pushing Daisies (que não é mais Pushing Daisies) chegou contando altos babados do fim de semana. Como já tem mais ou menos um ano que eu mencionei a criatura aqui, deix'eu atualizar vocês de algumas coisas. 1) Lembram o cara do ônibus? Pois sim. Nos últimos meses, fizemos alguns progressos. Pelo que fiquei sabendo, já rolou troca de e-mails, telefones, beijo na chuva e declarações. 2) O problema é que ela descobriu que o cachorro tem namorada. 3) O segundo problema é que ela descobriu isso com o irmão dele.

Ok. Agora chega de contextualização. Voltemos aos babados. Como eu tô com preguiça de desenvolver um texto pra isso, vou copiar as mensagens que enviei hoje de manhã com a narração dos fatos.

"Então ela chegou pr'o cara hoje de manhã e disse 'soube pelas minhas fontes que estou sendo traída. a informação procede?'.".

"[...] Segue mais um capítulo da emocionante saga de F.M., a princesa de Santo André".

"O caso de Gustavo e o surto psicótico de F.M. Quinta-feira: chuva. Soundtrack: i'm a cuckoo, belle & sebastian. Ele a beija no fretado e a chama de meu amor. Na sexta, ela sai escondido com o irmão de Gustavo. Soundtrack: thriller, michael jackson. O irmão diz tudo: "é, ele namora há 3 anos". Ó. O mundo de F.M. cai".

"Ela chora, fica doida. Pensa em se matar: apanha o banquinho e a faquinha de rocambole. Soundtrack: _____ (vulgo música sensacional), carmina burana. Ah, ela aponta a faquinha para o estômago. E se equilibra num pé só sobre o banquinho. "É AGORA! Adeus mundo cruel! Adeus Gustavo, seu cachorro!".

"Calmamente, então, ela encerra o drama: desce do banquinho, guarda a faquinha e vai tirar fotos no quintal. Em seguida, a princesa decide que precisa de um outro príncipe e acessa o orkut. Quem encontra? Fulano de Algo, que estudou com ela na terceira série".

"[...] Segue o diálogo:
-- uau, fulano, você ficou bonito.
-- tenho carro também.
Dps continuo a saga. Vou ao MC com ela. Ela precisa desabafar ainda".

"Continuando.
-- carro?? ótimo, tudo que eu precisava.
-- te pego às 8h.
P.S.: eram 7h40.
Soudtrack: pode vir quente que eu estou fervendo".

"Eles saem, vão pr'o bar. Bebem, dançam, se beijam. A noite é mágica, tudo é muito propício. Ele diz que quer vê-la de novo, ela faz charme, diz que vai pensar. No dia seguinte, porém, acorda pensando em Gustavo. Soundtrack: hopelessly devoted to you, grease - nos tempos da brilhantina".

"O episódio da polícia. F.M. tinha acabado de tomar café. Soundtrack: hora do lanche, que hora mais feliz. Então ela escuta os latidos esganados de seu pastor alemão. Vai ao quintal e vê seu pai e o cachorro fazendo cabo-de-guerra com a vassoura".

"O pai grita 'vou te matar, seu quadrúpede peludo imprestável!'. O cachorro revida gritando: 'AU AU AU - conteúdo censurado'. A princesa não se contém e LIGA PARA A POLÍCIA. 'alô?! por favor, mandem a cavalaria! um... um... um VIZINHO meu está matando um cachorro a pauladas!!'.".

"Para espanto de F.M., a polícia levou a sério e bateu à porta do castelo em menos de 10 min. Examinaram o cachorro, os vizinhos todos na porta querendo ver o que se passava, e a fera não tinha sequer um corte. O pai bravejava 'quem foi o vizinho filho da puta que chamou a polícia?!?!'. E aqui termina o primeiro capítulo de uma saga que não perde por esperar os próximos episódios".

Não, o pai dela ainda não sabe que foi ela quem chamou a polícia.

domingo, 18 de outubro de 2009

resumidamente, eu

a menina do cansaço permanente e andar tropeço.
eu, abarrotada na roupa, abarrotada de beijo.
escancarada de vontades que ficam nos olhos.
filha de deusa, mãe do irmão. irmã da Vó.

eu solta, sem muito papo, sem muito grilo.
com sabor de suco de melancia e trufa de maracujá.
e a percussão nos passos.
e o desprezo do tempo, vou sempre sem pressa.

eu filha do samba.
brasileira de carteirinha, paulistana de coração.
aderi ao tu porque acho bonito.
e aos sábados tem feijoada.

eu não muito dona de mim.
incapaz de dizer não ao pedido... cedido.
concedo a dança, o deslize, o impulso insensato.
intento o pacto de sangue, recuo no ato.

eu medo, eu punho, eu te pego.
força que abraça e braça contra a maré
sem alcançar a praia, contudo,
sem perder a fé.

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Shit

Lembro o que foi fazer o primeiro ultrassom anos depois da cirurgia. Eu suava frio de tanta agonia. Pior ainda é quando o médico que tá lá com aquele gelzinho gelado, passeando pela sua barriga e regiões mais abaixo, pára em determinado ponto, cutuca sem comunicar absolutamente nada e faz um movimento característico com as sobrancelhas. É quase como se você pudesse ouvir o maldito "puuuutz". Foi o que aconteceu na primeira vez. Ele viu que o meu rim direito é consideravelmente menor que o esquerdo e movimentou as sobrancelhas.
Daí corre fazer aquele MONTE de exame chato pr'o nefrologista virar pra mim e falar grego, "porque tem o FAN aqui, 'cê tá entendendo? É, pois é, tem o FAN aqui e a gente precisa ver isso também". Mas o que é o FAN? "O FAN é bla bla bla bla de bla bla bla bla". Ah tá... (Esclareço no Google depois).

O negócio é que eu tenho enrolado... Meus últimos exames datam de dois anos atrás. E, se fosse por mim, eu não repetia nenhum deles. A não ser o de sangue, que eu acho um barato... Tenho medo, entende? Tenho medo de descobrir que tem alguma coisa muito errada. É palhaçada, eu sei, mas é o que é.
Então eu dou um jeito de perder a lista de exames, daí toda vez que ligo pra secretária e ela me diz que o tal do nefro está viajando, me bate aquela sensação de alívio. Ela diz "liga na semana que vem"; eu não ligo, ligo na outra e ela responde "ele tá em congresso. Só volta na semana que vem...". Ah, ok, então eu ligo na semana que vem. Mas não, só ligo na outra e assim por diante.