quinta-feira, 12 de março de 2009

No use

Estou me sentindo miúda. Meio loira também, mas sobretudo miúda.
Muito disso, confesso, é por causa do cocô, que não fala mais comigo. E a Mamãe me disse "você já correu atrás; agora espera". É, eu corri atrás, só que ela não disse nada muito convincente - ou, talvez, seja eu quem esteja querendo acreditar nisso.
Às vezes, eu quero acreditar em muita coisa. Quero acreditar que vou conseguir um emprego melhor; que ela, daqui algumas semanas, não vai fazer mais tanta falta; que vou me sair super bem nas entrevistas e trabalhos de faculdade e vou ficar mais inteligente; que, com sorte, também vou me livrar desse tédio aborrecedor que permeia meus dias.
Mas é só um acreditar meio bobo, de quem não quer/pode ceder. De quem, no fundo, no fundo, pensa sempre as mesmas coisas de tudo e todos... Inclusive de si.
Requer coragem conservar uma amizade; requer bom senso, conhecimento e lábia ter a inteligência que eu admiro; requer presença ganhar a vida. E todas essas 'qualidades' andam ausentes de mim; não que estivessem sempre à mão, mas, pelo menos, eu tinha o gosto do embate: num dia, voltava pra casa com o peso da derrota na entrevista e, no outro, com a vitória, ainda que frágil, de porcelana, mas sempre enorme, de ter conseguido me impor naquele momento acertado com as palavras exatas.
Eu tenho caminhado pelos anéis de Saturno, chutando poeira cósmica lá longe. Tô me sentindo intelectual e emocionalmente diminuída. Rejeitada, enfim, sem ter como reagir, a não ser por um acúmulo de esforços que, por mais que eu enobreça, parecerão sempre inúteis.
Naturalmente, me distancio, regelo sem pensar e me refugio sem enfrentar nada. Pra dizer que evito o que dói, que evito o que vou chamar de imbecilidade do alto da minha montanha. Porque sou infantil e cismada com tantas coisas, que parece mais fácil me isolar e penitenciar pelo que não entendo, do que descer e dar a cara ao alcance daquele tapa fatal - eventualmente, mais áspero do que me creio capaz de suportar.
Não adianta. Por mais que tente, eu sou sempre eu. u.u

cidadão de papelão, o teatro mágico

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