segunda-feira, 23 de abril de 2007

Impulsividade (Thumbsucker)

-- The question is: Justin, are you ready to let go of your thumb?

sábado, 21 de abril de 2007

Na videolocadora...

Chega o cliente procurando It's All Gone, Pete Tong, sem saber o título em português, nome de ator, nome de diretor; sem saber inclusive o gênero do filme. (Entende?) Então tá:
-- Oi, você tem aquele DVD... Ih caralho, esqueci o nome em português.
-- Opa, então diz qual é o nome original mesmo.
-- Acho que é It's All Gone, Pete Tong.
-- Vish. Okok, procuremos. É drama, suspense, é o quê?
-- Não sei, não.
-- Sabe o nome de algum ator?
-- Não sei também não. (Risos.)
-- Bom, então vejamos nesta prateleira de Cinearte, que costuma ter esses filmes alternativos.
Não tinha.
-- Quem sabe no drama?
-- É, com um título desses, talvez.
Não tinha.
-- Ok, tentemos o Google. Mas não garanto nada, porque a internet desse pc é aquelas coisas, sabe?
Foi. Achamos: It's All Gone → Ritmo Acelerado. Prateleira dos Lançamentos.
Daí aparece essa mãe procurando por Hook, A Volta do Capitão Gancho. Abre a boca e fala como se tivesse fumado uns três rolinhos.
-- Olha, desculpa, a gente não vai ter o filme. Muita gente tem procurado, porque uma professora aí pediu que os alunos assistissem, mas quem conseguiu alugar ainda não devolveu.
-- É, filha, eu disse... A gente tem que ir na Block, aqui não vai nada. E vocês deveriam ter algum tipo de controle sobre isso. Não têm o telefone da pessoa?
-- Temos, e cobramos, mas o filme tem passado de mão em mão e a pessoa vai pagar pelo atraso.
-- Mas vocês deveriam ter algum controle.
[-- Sim, sim. Amanhã, a polícia, juntamente com o FBI, o exército e a Scotland Yard estarão na casa do indivíduo.]
-- Sim, senhora.
Então aparece a moça com uma coisinha pendurada no cabelo: um sagüi. Sagüi, sagüi, sabe? Um macaquinho de 15 cm de corpo e 30 cm de rabo.
E aparece a coreana sem falar um A em português. And I explane to her that without a CPF she won't be able to do much in Brazil. Then I tell her that she should look for some information on necessary documents for foreign people, so she could open a bank account or register in places like videoshops.
-- Google, you know Google? Google can help you. Or, if that will be the case, Poupa-Tempo.
E pra explicar o que é Poupa-Tempo foram mais 10 minutos de conversa...
Pois foi nessa que apareceu a moça no celular:
-- Bas cobo assin dão dá? Pede bra Cabila. Faz isso bra bin, tá?
Eu entrei na cozinha, a Sheila abaixou no balcão, o meu gerente deu um jeito de sumir, a Laís ficou olhando pra minha cara disfarçando a gargalhada e o Rafa deu aquela viradinha pra tossir enquanto atendia A Fanha. Diga-se de passagem, A Fanha é freqüentadora assídua de nossas prateleiras...
E o Daniel - meu gerente - começou a contar do dia em que uma cliente o molestou. Ela é mais velha e sempre dá um jeito de colocar a mão nas costas dele. Naquela sexta-feira, porém, ele não teve como fugir e a mão dela desceu livremente.
-- Ela apalpou legal, viu. (E faz a cara de sem jeito.)
Daí veio o dia em que o Daniel teve que me mostrar como é que se organizava a prateleira de pornôs. É entrar na salinha e você dá de cara com um monte de pênis e vaginas. Eu e ele com ar impassível.
-- O pessoalzinho gosta dos filmes brasileiros, por isso esses vão aqui em cima, mais visíveis. Daí a gente organiza por marca. Os mais procurados são esses da Sexxxy, por isso vão aqui, nas primeiras prateleiras. Então vêm os filmes com as orientais e, lá em baixo, os mais trash.
Chega esta criatura então:
-- E que filme bom você tem aí?
-- Que gênero tu prefere?
-- Hoje eu quero algo mais leve.
Sugiro um monte.
-- Já vi, já vi, já vi, já vi.
-- Bom, tem esse aqui ó: Elsa & Fred.
-- Uaaaaaaaau, putz, que legal!!! Eu estava querendo muito assistir a esse filme! Valeu. Toca aqui!!!
Hi5, you guys.

Então eu começo a formular minhas primeiras teorias: são raras as criaturas freqüentadoras da videolocadora que não chegam e caminham direto para a seção de Lançamentos. Daí a serzinha aqui vai sugerir algum filme, porque, afinal, há pessoas que aceitam (exigem!) sugestões e, qual não é a surpresa, ouve de resposta "já vi, já vi, já vi, já vi (...)". Eu, que tenho a tendência miserável de julgar as pessoas a fundo pelo que vejo na capa, me empolgo muito mais com os tipos que entram e caminham pela loja inteira - dão uma olhada nos dramas, nas comédias, nos romances, nos clássicos, nos infantis e, também, nos lançamentos - do que com aqueles que trafegam em linha reta pela loja.
As mulheres são as que mais passeiam pela loja, mas também as que constituem a maior parte dos clientes chatos/as que atendemos, e os homens são os que mais correm para a seção de Lançamentos e retornam ao balcão sem terem dado olhada alguma em outra seção.
O número de mulheres à procura de comédias românticas e romances equipara-se ao número de homens à procura de suspenses e filmes de ficção, o que me leva a acreditar que a mulher ainda é aquela que sonha com um final feliz e que o homem ainda é aquele que defende o lar, não teme sangue e traz o jantar pra casa.
E eu ainda estou à espera daquele(a) cliente que me fará sugerir Caindo na Real... ;0D
Ai, ai... É isso. o//

Ouvindo: Like Dylan In The Movies, Belle & Sebastian.

sábado, 14 de abril de 2007

Amor na Matemática

"As folhas tantas do livro de matemática, um quociente apaixonou-se um dia doidamente por uma incógnita. Ele, quociente, produto notável de uma importantíssima família de polinômios, e ela uma simples incógnita da mais mesquinha equação lateral.
Oh, que inequação tremenda! Mas, como vocês todos sabem, o amor vai de menos infinito a mais infinito: o amor não tem limites nem derivados.
Foi numa maravilhosa noite de primeiro diedro de setembro que ele a encontrou. Ela, numa secção circular, no meio de n incógnitas e n equações, se punha em evidência, com seu belo vestido de linhas trapézio-isósceles. Olhou-a de vértice à base; olhou-a de todos os ângulos agudos e obtusos. Era uma figura ímpar: olhos rabóides, boca trapezóide, corpo ortogonal e linhas senoidais.
Fez de sua vida uma vida paralela à dela até se encontrarem no infinito.
-- Quem és tu? - perguntou ele com ânsia radical. E ela com expressão algébrica de quem ama, respondeu-lhe docemente:
-- Eu sou a soma dos quadrados dos catetos, mas pode me chamar de Hipotenusa (ao quadrado).
Eles se amaram ao quadrado da velocidade da luz, numa 6ª potenciação, traçando ao sabor do momento e da paixão, retas, curvas, círculos e linhas cossenoidais, no jardim da quarta dimensão. Ele a amava e a recíproca também era verdadeira, e por teorema anterior concluímos que se adoravam numa proporção contínua e diferencial em todo o intervalo aberto da vida.
Finalmente eles resolveram se casar, constituir mais que um lar: uma perpendicular. Convidaram para padrinhos o poliedro e a bissetriz e traçaram planos, equações e diagramas para o futuro, sonhando com uma felicidade integral.
Três quadrantes mais tarde, quando ela já estava com as coordenadas todas positivas, eles se casaram numa matriz. Tiveram uma secante e dois diametrozinhos muito engraçadinhos.
Para completar a alegria descobriram que eram primos entre si. Que felicidade: ela já havia sofrido 4 operações e algumas simplificações, mas continuava bela e esbelta. O amor entre eles crescia em P.G...
Foi quando surgiu entre eles o máximo, o máximo divisor comum, freqüentador de círculos concêntricos e viciosos, que ofereceu a ela grandeza absoluta e reduziu-se a um simples denominador comum.
O quociente, consciente desta regra de três, vira que com ela já não formava mais um todo, uma unidade; era o vértice deste triângulo, também chamado amoroso. E deste problema que era uma simples fração, a mais ordinária e imprópria. Foi então que resolveu determinar um ponto de descontinuidade na vida dos outros dois.
Numa noite fria do primeiro semi-período, quando encontrou os dois amantes em amoroso colóquio, sua mente tornou-se ponto de acumulação de raiva e de vingança: puxou o 45, fez um giro de 20 graus e aplicou a solução trivial.
Isto foi o necessário e suficiente para que os dois amantes passassem para o campo imaginário e ele, quociente, fosse parar num pequeno intervalo de pequenos buracos quadráticos, onde passou o resto de sua desgraçada existência e unicidade.".

Este texto é dos anos setenta. ;0D Quem diria? Há números humanos também.

o.o

Há algum tempo, eu perguntei pra Mãe se ela e o pai tinham uma música deles e, olhem só, descobri que é Forever Young do Alphaville. O bicho, né?
Daí perguntei se ela e o Custódio tinham alguma. E ela me disse que qualquer música cubana servia.
Alguma teoria? Porque eu tenho várias...

quinta-feira, 12 de abril de 2007

Gravei um cd bonzão

1. um girassol da cor de seu cabelo (Skank e Ira!)
2. something in the way she moves (The Beatles)
3. o vento (Los Hermanos)
4. flamenco classica (Guitar Solos Edition)
5. meu amor, meu bem, me ame (Zeca Baleiro)
6. fool (Shakira)
7. romance ideal (Paralamas do Sucesso)
8. waiting for love (Pink)
9. chove chuva (Jorge Ben Jor)
10. wish you were here (Goo Goo Dolls e Limp Biskit)
11. vida real (Engenheiros do Hawaii)
12. burning up (Eagle Eye Cherry)
13. se... (Djavan)
14. limehouse blues (Django Reinhardt)
15. mesmo que mude (Bidê ou Balde)
16. get the party started (Lisa Hannigan, Damien Rice)
17. sonho meu (Paulinho Moska, Woman On Top Soundtrack)
18. is this love (Bob Marley)
19. consumado (Arnaldo Antunes)
20. cookie jar (Jack Johnson)