quarta-feira, 29 de julho de 2009

Alice Ruiz

Lembra?

Lembra o tempo
em que você sentia e sentir

era a forma
mais sábia de saber

E você nem sabia?


Gente, como eu amo o que essa mulher escreve.

[Ainda estou passando pr'o papel a entrevista com ela... Trabalhozinho minucioso. Se der na telha, posto o texto depois.]

terça-feira, 28 de julho de 2009

acerca dos 'famidegenerados' 140 caracteres

Danilo Gentili, um dos repórteres do programa Custe o Que Custar (CQC), transmitido pela Rede Bandeirantes, fez um comentário besta no twitter, no domingo: "Agora no TeleCine KingKong, um macaco q depois q vai p/ cidade e fica famoso pega 1 loira. Quem ele acha q e? Jogador de futebol?". Entenderam aquilo como um comentário racista... Confesso que, se ninguém tivesse alardeado nada, eu nem desconfiaria. Passaria reto, como se fosse uma piadinha sem graça.
Mas depois o cara foi lá e escreveu algo como "Alguem pode me dar 1 explicacao razoavel pq posso chamar gay de veado, gordo de baleia, branco de lagartixa mas nunca um negro de macaco?". Daí, ele disse "Reparem: na piada do KingKong nao disse a cor do jogador. Disse q loira saiu c/ cara pq e famoso. A cabeca de vcs q tem preconceito hein".
Honestamente, eu acho que ele podia ter ficado com a última justificativa e só. Aliás, ele poderia ter ficado simplesmente quieto... Comentário de famoso no twitter vira manchete, é impressionante. E mais impressionante ainda é perceber que, muitas vezes, não passa de um comentário infeliz e mal escrito.
Ok. Gentili é um dOS caras. Tem um humor ácido insuperável e detona na hora de criticar a politicagem do país em rede nacional. É o pesadelo dos congressistas. É admirável, mas isso não faz dele um deus. Muito menos no twitter... Onde você tem espaço para comentar com mais facilidade e muito mais rapidez tudo o que qualquer um diz - seja você alguém tentando se passar por outra pessoa, ou você mesmo. E o Gentili é, como se sabe, um poço de mensagens afáveis. Pronto! Numa dessas, o cara, em casa, com um pote de pipoca na mão, se prestou a comparar um macaco hollywoodiano com um negro. E a macacada histérica que é qualquer povo - ou, no caso, o conjunto de 100.000 e sei lá quantos "seguidores" dele - se encarregou do resto. Talvez ele tenha mesmo pegado pesado, mas eu nem quero discutir isso, porque é besteira.
Essas personalidades contundentes da tv brasileira não sabem quando fechar a matraca. E, se se achassem realmente menos influentes do que pensam que são, não se defenderiam das milhões de acusações que recebem de maneira tão veemente. Para fazer um adendo, até o João Gordo entrou na brincadeira... Aparentemente, um fake do João Gordo no twitter começou a implicar com o Danilo Gentili, o que deu início a uma briga ridícula via twitter.
O Gentili, então, ligou para o João Gordo, durante o programa deste na MTV, e ouviu algo como "#*$@><¢¬¬'' vai se foder". E, bem, fato é que a merda já estava feita e o vídeo com o telefonema juntou sei lá quantos mil acessos.

O twitter, atualmente, tem sido o cenário favorito das guerras de ego dessas celebridades e pseudo-celebridades. Elas poluem o twitter com disputinhas e excessos. Não falo da desmitificação e também não digo que não gosto de ler uma ou outra tirada dessas criaturas invencíveis; elas têm todo o direito de falar bobagem e isso é o bacana no twitter - o negócio de o top parecer tremendamente ordinário. O problema são essas criancices e a falta de bom senso desse pessoal, que, querendo ou não, é referência - o dito reconhecido top - e atira propaganda e alfinetada ao @compadre ali adiante como se fosse conteúdo. Vide guerra entre Marcelo Tas e Luciano Hulk por "seguidores", entre outros conflitos.
Sobre o tweet do King Kong, o Gentili teve que fazer um post no blog pessoal entitulado "Um Post Racista", pra ver se se justificava. E, no microblog, ele postou: "http://twitpic.com/bqdya - Obrigado pessoal. Vocês conseguiram me prender igual um macaco por denúncias de racismo". Em menos de dois dias, ele falou bosta, o pessoal especulou, ele falou mais bosta, o pessoal especulou mais ainda, ele se defendeu, se defendeu de novo e agora está para ser investigado pelo Ministério Público de São Paulo.

Toma cuidado com o que diz, mâno. Depois fica chorando as pitangas, como se fosse um rei destronado... E, o que é pior, vai lá e posta no twitter! Bah.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Epifania

Há colegas que, por regra, você só deve ver se estiver de bom humor.

E é exatamente por isso que eles são apenas colegas.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Alfabetização

Aninha, eu e Boi brincando de forca.

Boi desenha: _ _ _ _
eu: A.
Boi desenha: _ _ _ A.
Aninha: O.
Boi desenha: _ O _ A.
Aninha: é GOMA de novo!
Boi ri absurdos.
Aninha: Boi, chega de GOMA e GELO...
eu: e RATO e PATO e GATO e BOTA.
Aninha: é. Pensa em palavras grandes.
Boi desenha: ____ ____ ____ ____.

Sem comentários [2].

sábado, 18 de julho de 2009

sem comentários

"eu não traí. só terceirizei a prática sexual...".

sexta-feira, 17 de julho de 2009

House me entenderia

Fui doar sangue hoje e a verdade é que pode ser bonito e tudo, mas eu doo por causa do baratinho que dá depois. Bate a sensação de que você dançou a noite toda, fez um desjejum à base de bolachas gostosas e ainda tá ligado. Boa pedida pra quem se afunda no tédio.

Hm

A verdade é que eu sei que estou no curso errado.
E o grande inconveniente é que ainda não achei o certo.

Talvez não haja.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

a provocação barata

-- eu quero intimidade; você tem que confiar em mim.
ele dizia exatamente assim. eu ficava constrangida. a gente entende intimidade por muitas coisas e eu nunca fui muito íntima de ninguém. então eu respondia que não se exige confiança assim tão rápido.
acho que ele queria que fosse rápido porque estava mais velho do que pensava...
ao tentar definir confiança, na pele dele eu diria que procuro alguém com quem dividir uma verdade exclusiva, sobre a qual tivéssemos de mentir. claro, porque a mentira torna tudo mais interessante.
sempre houve ali uma admiração mútua. éramos parecidos desde que eu me lembrava; dois exclusivistas solitários, desleixados, obcecados por ideias, com egos monumentais (...) é... seria bom ter um amigo assim; parecido comigo (pra variar) e mais íntimo, enfiado nas minhas tralhas.

já houve quem me dissesse coisas tão bonitas quanto ele, mas não tão irredutivelmente. ele dizia que o meu carinho era a minha melhor parte e que eu faria melhor se não me reservasse tanto. "são características contraproducentes", completava. falava que via o meu cuidado com sei lá quem e eu suspeitava que tivesse ciúmes do que eu explicitava em determinadas ocasiões por determinadas pessoas. eu me sentia verdadeiramente notada. e não, não é pela massagem de ego; é pelo fato de um quase-estranho-ridiculamente-familiar ter me sacado o suficiente pra dizer as mesmas palavras que eu usaria, se pudesse falar algo bom a meu respeito estando na pele de uma terceira pessoa.
-- me conta algo que você nunca disse a ninguém.
mas que fissura, eu pensava. acho que ele realmente precisa da minha confiança. tinha vontade de perguntar por que, mas temia que ele respondesse que queria nos esconder. e depois temia que aquele fosse um simples jogo sujo... e eu finalmente respondia que, mesmo se contasse todos os meus segredos, ele não teria nada. ele dava uma risada irônica.
os dias prosseguiam assim. eu no escritório dele, analisando contas, mexendo em tabelas. ele se aproximava, trazia o almoço e ficava papeando comigo. falava pracaraleo. dizia que era pra compensar o meu silêncio. e fazia dessas observações sacais que me confundiam. ele não tinha ideia das coisas que aconteceram comigo e, no entanto, como que me adivinhava.
em dado momento, comecei a suspeitar de que, no fundo, no fundo, ele falava de si mesmo. isso me irritava... porque é exatamente o que eu faço. e faço com aquela panca de quem tem mais dez truques na manga. ele também fazia e sabia que fazia. era brincar com um espelho.

o problema é que havia mais alguém. uma pessoa em comum, que ele conhecia bem e eu também. ele me pedia intimidade, com a desculpa de que eu não poderia nunca dividir certas coisas com essa terceira pessoa. coisas sobre nós, que nós confidenciaríamos. feito um peão de tabuleiro de xadrez, eu fingia que não, mas já estava enfurnada num jogo sujo. talvez fosse a curiosidade, entende? eu sou muito curiosa e levo tudo até a última gota, pra ver onde vai dar, onde poderia ter dado. e talvez fosse também um resquício de fé... eu podia confiar nele, ele não me faria mal.
-- eu quero intimidade. confia em mim.
era um pedido insistente. e, de certa maneira, eu dividi coisas com ele. falei, inclusive, desse alguém. muito do que eu pensava sobre o meu "cuidado" para com essa pessoa. ele passava as tardes me falando da vida dele, das coisas que pensava e eu tomava conta da música. ele me achava muito diferente para a minha idade e me comparava à filha: "26 anos, completamente sem cérebro".
ouvíamos Yann Tiersen; ele sentava numa cadeira, olhando para o teto. e aquele silêncio... aquele silêncio vivo e cheio de contemplação... por mais que a situação tendesse ao oposto, por uns minutos eu construía uma imagem nítida do que era realmente a amizade. e me iludia com aquilo tudo, achando que eu podia fazer com que as coisas ficassem exatamente daquele jeito.
mas não podia, não. ele se aproximava novamente e pedia pra que eu confiasse nele. e eu nunca fui de demorar muito pra perceber: eu sabia exatamente qual o tipo de intimidade que ele queria... e conhecia a mentira que nós contaríamos.
numa dessas tardes, ele entregou a intenção.
-- vem cá. me dá um beijo.

sexta-feira, 10 de julho de 2009