sexta-feira, 27 de março de 2009

Show do Oasis

... e eu encarando o saldo da conta bancária.

Essa vida de estudante é foda.

terça-feira, 24 de março de 2009

as borboletas

Tô achando um barato esse negócio de provocar. Pode ser feio, pode ser escroto, mas é uma delícia. Você ouve coisas doces com mais frequência do que as diz. Aliás, não é nem isso. Você tem a liberdade de dizer tantas coisas doces quanto quer e vai ouvir.
Não sei realmente medir o quanto gosto dessa pessoa. Não tenho trimiliques, nem contrações na barriga e, sim, talvez eu até exagere um pouco o que sinto, porque ando à caça de novidades, mas há, sem dúvida, lucidez nesse gosto. E verdade, também.
É algo diferente das saídas dos últimos tempos e eu tenho vontade de cuidar. Só que tenho um medo grande de iludir, pois tô apegada ao meu cafofo, às minhas manias e liberdades. Sim, eu disse certo: medo DE iludir; não de ME iludir. Esse medo eu tranquei do lado de fora.
Percebi isso quando o cocô resolveu me aposentar de repente, feito um pano velho. Eu chorei pra valer, mas a grande lamúria - aceitar - não exigiu muito de mim, como eu supunha que exigiria. Quer dizer, ainda tô com um puta rombo no meio do peito, e ele machuca, mas eu não tive que apagar nada, sabe? Fiquei orgulhosa de mim - ela já chegava a me dar os trimiliques!! Contudo, foi só suprimir a amizade que os trimiliques sumiram e o que eu sinto agora é... falta.
Agora, me iludir, não, não me iludo mais. Não crio expectativas em torno de ninguém. O problema é que também não crio expectativas nem em torno dessa pessoa, quando poderia. Ficamos nesse jogo de gato e rato: eu dou linha, ela puxa; ela dá linha, eu puxo toda. Penso nela de manhã, durante o dia, antes de dormir, mas parece muito mais uma distração do que um rebuliço.
Essa é uma pegadinha na minha vida: eventualmente, todo mundo vira uma distração pra mim. E, no fundo, acho que é assim com os outros também - eles só não admitem. Só que... Bem... Ou ela é muita distração, ou sou eu quem precisa dos trimiliques e das contrações.

E eu vou citar o cocô tantas vezes quantas forem necessárias pra exorcizar essa raiva e esse pesar. Mesmo que o texto não diga respeito a ela - porque, indiretamente, ela tá ligada ao fato d'eu estar cheia de coisas pra contar sem ter quem escute.

agora licença, que eu vou dar linha.

segunda-feira, 23 de março de 2009

domingo, 15 de março de 2009

Aspas

"Não vemos as coisas como são: vemos as coisas como somos".

Anaïs Nin

quinta-feira, 12 de março de 2009

No use

Estou me sentindo miúda. Meio loira também, mas sobretudo miúda.
Muito disso, confesso, é por causa do cocô, que não fala mais comigo. E a Mamãe me disse "você já correu atrás; agora espera". É, eu corri atrás, só que ela não disse nada muito convincente - ou, talvez, seja eu quem esteja querendo acreditar nisso.
Às vezes, eu quero acreditar em muita coisa. Quero acreditar que vou conseguir um emprego melhor; que ela, daqui algumas semanas, não vai fazer mais tanta falta; que vou me sair super bem nas entrevistas e trabalhos de faculdade e vou ficar mais inteligente; que, com sorte, também vou me livrar desse tédio aborrecedor que permeia meus dias.
Mas é só um acreditar meio bobo, de quem não quer/pode ceder. De quem, no fundo, no fundo, pensa sempre as mesmas coisas de tudo e todos... Inclusive de si.
Requer coragem conservar uma amizade; requer bom senso, conhecimento e lábia ter a inteligência que eu admiro; requer presença ganhar a vida. E todas essas 'qualidades' andam ausentes de mim; não que estivessem sempre à mão, mas, pelo menos, eu tinha o gosto do embate: num dia, voltava pra casa com o peso da derrota na entrevista e, no outro, com a vitória, ainda que frágil, de porcelana, mas sempre enorme, de ter conseguido me impor naquele momento acertado com as palavras exatas.
Eu tenho caminhado pelos anéis de Saturno, chutando poeira cósmica lá longe. Tô me sentindo intelectual e emocionalmente diminuída. Rejeitada, enfim, sem ter como reagir, a não ser por um acúmulo de esforços que, por mais que eu enobreça, parecerão sempre inúteis.
Naturalmente, me distancio, regelo sem pensar e me refugio sem enfrentar nada. Pra dizer que evito o que dói, que evito o que vou chamar de imbecilidade do alto da minha montanha. Porque sou infantil e cismada com tantas coisas, que parece mais fácil me isolar e penitenciar pelo que não entendo, do que descer e dar a cara ao alcance daquele tapa fatal - eventualmente, mais áspero do que me creio capaz de suportar.
Não adianta. Por mais que tente, eu sou sempre eu. u.u

cidadão de papelão, o teatro mágico

segunda-feira, 9 de março de 2009

a última pessoa a ler o livro

Uma das coisas que eu mais gosto em livros de biblioteca, ou livros velhos no geral, é ver as anotações pelos cantos e sublinhados de todo tipo. Às vezes, a ideia sublinhada no texto nem é tão boa e a anotação, pior ainda. Mas, de qualquer jeito, é legal. E não é porque é de biblioteca que um livro vai ficar sem rabiscos adicionais pela eternidade. Vai por mim, isso não dá certo. E, pior, não faz bem.

Eu vou lendo e montando um perfil. Por exemplo, o livro que peguei recentemente, "Sempre Alerta", dum tal de Jorge Claudio Ribeiro, é meio didático-reportagem, o que me leva a crer que o último leitor era um estudante de comunicação. Ok, óbvio. Entretanto, o que vocês não sabem é que, assim como eu, ele (ou ela, mas eu acredito que seja ele) é um leitor entediado.
Nas primeiras páginas, nós vemos sublinhados mais frequentes, denotando um certo entusiasmo. São linhas tortas e que tentam fugir àquela clara noção de reta, o que me leva a crer que era realmente um menino. Meninas conservam capacidades motoras mais esclarecidas em se tratando de anotações e linhas: elas querem a coisa mais caprichada e, por isso, levam mais tempo pra fazer o rabisco.
Além disso, ele passa de caneta preta para azul, para lapiseira, para lápis; não há aquela paranoia com um padrão.
Acabo de ler a página 95 e, logo abaixo do texto, há uma linha azul que aponta para absolutamente nada. Tédio.
Eu imagino que esse moço demorou uns três, quatro dias pra ler o livro e que, durante esse tempo, o carregou de lá pra cá na mochila, pois as pontinhas das folhas estão sujinhas e a capa, meio arrebentada, o que me leva a pensar que foi mesmo obra de uma mala entupida de outras coisas. Não, não... Menina não rola, porque a maior parte delas usa bolsa.
Eu imagino que ele deve ter sentado na mesa da cozinha, naquela hora do dia em que não aparece nada de interessante na tv e as músicas do computador ficam tocando a esmo, sem qualquer novidade ou refrão chiclete. E ele ficou lá lendo sobre o Estado de São Paulo e o Projeto Folha, porque, em algum momento, alguém determinou que é importante saber sobre a importância disso, ainda que a grande notícia do dia dele não tenha passado de uma multa por atraso de devolução de material na biblioteca: um filme que ele não teve tempo de assistir, com o título pretensioso de ‘Intolerância’.
Esse cara não deve ser mais velho que eu. Ultimamente, eu ando mais velha que todo mundo. Vinte anos não é muito; mas é um terço da vida de quem pretende chegar aos 60. Sessenta, sim, é muito. Eu só chamo alguém de velho quando esse alguém completa sessenta anos. Quando a minha Mãe chegar lá, passo a considerar velho quem chegar nos setenta, e assim por diante.
Mas, enfim, penso que ele deve ter mais ou menos as mesmas preocupações que eu: dinheiro + gandaia. Estes têm sido, ultimamente, os únicos combustíveis dessa juventude - a minha inclusa. E, secretamente, ele realmente gostaria que ela fosse um tantinho mais transviada.
Ele faz parte daquela massa que passa nos projetos do futuro: aqueles 10% da população (e eu estou sendo bastante generosa) que, consideravelmente inteligentes, alcançam o ensino superior e pagam uma nota preta pra aprender que ninguém é dono de verdade alguma, se essa verdade não aparecer na televisão.
É o que tá escrito no "Sempre Alerta", aliás é o que tá escrito em grande parte dos relatos jornalísticos acerca do trabalho jornalístico. Aliás (2), deixa eu fazer uma pequena anotação de canto aqui, nessa página 95, onde o tédio do meu colega fez um risco de caneta azul. "SOMOS TODOS MICHÊS DO MERCHAN".

Folheando daí em diante, você não encontra mais nada, nenhum tracinho. E não é que haja qualquer anotação infeliz; a anotação infeliz é da minha parte para os próximos.
Esse cara foi simplesmente mais esperto, percebeu que ‘tava sendo ludibriado, devolveu o livro e foi ser astronauta.

Adoro quando a leitura realmente modifica o homem.

sábado, 7 de março de 2009

Desabafinho

Não vai ter mais verdurada, não vai ter mais toquinho no celular, não vai ter mais quibe nem bolo vegan, não vai ter sorvete na Augusta, nem almoço no Vegacy, nem comentários sobre quem pegou quem, ou explicações nietzschianas sobre as merdas do mundo.
E se eu for contar por que não vai ter mais nada disso, vou ficar puta, porque nem eu entendo. Detesto não entender coisas importantes; detesto, sobretudo, a forma como as pessoas conseguem agir como se nada tivesse acontecido, enquanto eu amargo uma pequena revolta - que é quieta, parcialmente ridícula e cheia de uma culpa sem razão.

Bosta.

quarta-feira, 4 de março de 2009

erra uma vez

nunca cometo o mesmo erro
duas vezes
já cometo duas três
quatro cinco seis
até esse erro aprender
que só o erro tem vez


Paulo Leminski