segunda-feira, 26 de maio de 2008

(...) e o patuá.

A Andrea - Mel para os íntimos e Cocô para a menina que veio da neve - é meio temperamental. Tamanha é (sempre foi) a alternância de humores que sua Mãe, Dona Li, viu-se no dever de inventar uma musiquinha. Goes like this:
♪ A Andrea é uma chata
Vive só emburrada
Ela diz que não é nada
Mas tá sempre de cara fechada ♪
Dona Li é bibliotecária de segunda à sexta das 8h às 17h e taróloga, astróloga, perua e sozinha o resto do tempo. Ela não entende que o temperamento da Andrea vem, como a própria palavra dá a entender, de tempero, temperança. Para ela, quer dizer sempre temporal...
[Mel é sazon: quanto mais, mais BOOM!] - FAVOR DESCONSIDERAR.
A Mel não tem paciência para explicar para Dona Li o que se passa com ela. Teria se Dona Li, a astróloga, Mãe, perua, en.fá.ti.ca e can.sa.ti.va.men.te sozinha mulher no auge de seus 40 e poucos anos soubesse olhar para a filha com pouco mais que reprovações e adjetivos pequenos.
Há, lógico, outras coisas. Mas o que realmente interessa aqui é a enfatizabilidade que Dona Li dá a sua solidão, a impaciência da Mel e o patuá.
A solidão é um demônio que leva a Andrea à merda de vez em quando. A solidão leva Dona Li à merda mais frequentemente. A impaciência da Mel é um álibi para uma explicação muito longa sobre convívio, adoração, atropelos e espaço. A impaciência de Dona Li é conseqüência da impaciência da filha para com ela, fato que, por sua vez, gera mais impaciência ainda na Dona Li, que se sente cada vez mais sozinha.
O patuá, enfim, é um amuleto de proteção e sorte. Mamãe Li costurou-o ela mesma; fez um para o filho e outro, mais bonitinho, para a Mel. A Mel sempre carrega o seu patuá na mala. Simboliza qualquer coisa que ela entende, mas não explica, porque senão perde a beleza.
Mãe Li e Andrea ficarão bem num futuro próximo. Basta Andrea aprender a dizer o que Mamãe precisa aprender a escutar. Enquanto isso não sucede, valem a proteção e a sorte do patuá.

little light of love, fifth element soundtrack

Um comentário:

Pedro Zambarda disse...

Segredos.

E mal de convivência. De perto qualquer um é feio...

Beijos!