quinta-feira, 1 de março de 2007

Meu Guri

Pois é... Anteontem, à noite, mais ou menos às 7h, estávamos conversando, Mamãe e eu, até que o telefone toca e vem a notícia: "oi, boa noite. A senhora é a Mãe do Davi? Pois então, eu sou a assistente social aqui da Santa Casa de Misericórdia, e estou ligando pra avisar que o Davi sofreu um acidente. Foi atropelado por uma moto; o motoqueiro chamou o resgaste. Sim, ele tá bem, tá consciente (...)".
Saímos voando de casa.
Chegamos a Santa Casa, o Davi estava na Ortopedia... Quando o encontramos ele estava em uma maca, num corredor, na fila do raio x, sem travesseiro algum, com a boca e o nariz ensangüentados, um galo na cabeça, suspeita de fratura na perna esquerda e roxos por todo corpo. Minha Mãe ficou desesperada e começou a chorar, mas logo se recompôs; eu fiquei prendendo o choro. Ela segurava uma mão, eu verificava o rosto. Quando ligaram para casa, eu jurei que encontraria um Davi com um pouco de dor, com uns roxos aqui e acolá, mas só. Pensei que já fossem tê-lo limpado, mas não. A primeira a limpar um pouco a cara do menino fui eu: peguei o lençol já todo sujo e disse "cospe". Só que a minha maior preocupação era a cabeça, aquele galo no meio da testa não parecia ter sido tão leve assim, além do que, o cara se queixava de dor de cabeça. Ele entrou na sala de raio x com a Mãe e eu fiquei do lado de fora com o Custódio. Nesse meio tempo, a gente encontrou um baiano que nos contou o histórico do filho. Foi uma distração até o Davi sair empurrado na maca em direção ao Pronto Socorro de novo, seguido pela minha Mãe cuja cara estava contorcida. Animador.
Nessa parte da história, ficamos os três quase o tempo inteiro do lado de fora. Ele ainda ensangüentado, se queixando de dor de cabeça e dor na perna. Minha Mãe chorava, andava de um lado a outro e eu ficava lá atendendo a pedidos: "preciso de um leitinho". A minha grande preocupação era a cabeça; Mamãe disse que ele havia vomitado o que não deixou de alarmar, apesar de sabermos que ele havia engolido sangue.
Ah, eu sei lá... A gente nunca pensa que vai acontecer com alguém próximo, entende?
O atendimento na Santa Casa era um horror. Podem dizer que, quando há esse tipo de ocorrência, os hospitais recomendados são o HC e a Santa Casa, porém o ambiente é horrível e as instalações, mesmo os cuidados com os pacientes, são horríveis. E ninguém dá uma informação ¬¬' decente.
Eu fiquei doce com ele. Não sei se fazia diferença, mas acho que ele gostava de me ter por perto fazendo mixilinho naquele cabelo sujo e dizendo "cospe". E teve um momento em que eu até me senti bem, porque ele mandou me chamar para ficar lá na hora de tirar raio x da cara.
Só que muita coisa me deixou puta: a demora no atendimento, o fato de ninguém limpar o rosto do Davi, as duas amebas de enfermeiras que, em lugar de atenderem o cara, ficaram dentro duma sala assistindo ao BBB (à merda com esse programa imbecil!); pra completar, eram as enfermeiras que deviam atendê-lo e as babacas ainda me trataram mal, sendo que eu é que ficava empurrando a maca de um canto a outro, fora o neurocirurgião que não aparecia pra dar uma olhada na tomografia e liberá-lo pra engessar a perna.
[ Queria aqui demonstrar toda a minha raiva perante a rede pública de saúde neste país: AAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHH!!! E, mais, queria mandar um recadinho do coração às enfermeiras bocós do BBB: suas p****, espero que %*##••φ?¬¬*&&#%!!! ]
Eram 2h da manhã e o Davi todo sujo ainda, com menos dor de cabeça (alívio...), mas com enjôo, e o neurocirurgião sem aparecer. Foi então que baixamos o demônio e decidimos fugir com ele para o São Luís. Pegamos uma cadeira de rodas, o Custódio tirou ele da cama enquanto Mamãe foi pegar o carro. Saímos com o soro da Santa Casa e o macacão, só que na hora de colocá-lo no carro o bosta do segurança nos impediu de sair sem prévia autorização de algum médico. Voltamos para tirar o soro pelo menos e nisso o Davi ficou de novo lá. Foi então que apareceu uma médica "você não pode tirá-lo daqui sem alta" e minha Mãe deu O chilique "já são 2h da manhã, meu filho foi atropelado às 6h30 da tarde, está aqui desde as 7h da noite e o único neurocirurgião do hospital não aparece! Eu não vou esperar mais, isso aqui é literalmente uma fuga! Agradeço pelo serviço, vocês o atenderam muito bem, mas eu não posso esperar mais!". \o/ Mamãe, \o/ Mamãe!!!
Chegamos ao São Luís e logo o encaminharam para o Pronto Socorro, onde o ortopedista apareceu prontamente, viu que era uma fratura pequena, que não precisaria de gesso, mas que seria bom imobilizar. O Davi arranjou uma perneira. As dores de cabeça voltaram, mas ele já estava mais tranqüilo. Fez ultrasonografia, exame de urina, de sangue, daí deram soro com remédio pra que ele pudesse dormir. Nisso, já eram 4h30 da manhã. A neuro viria de manhã, mas o ortopedista disse que, pela tomografia, não havia sinal contusão grave, porém era preciso que ele ficasse em observação.
Subimos para um quarto espaçoso e saímos dele hoje à tarde. Disseram que houve uma pequena fissura na testa, mas nada que tenha atingido o cérebro, tampouco algo que não feche logo. Ele tá com o olho esquerdo roxinho e inchado, roxos por todo o corpo e a boca inchada e machucada - duas vezes mais devido ao aparelho.
Disse que não lembra o que aconteceu e acordou na hora em que o colocavam na maca do resgaste. Pensou que tivesse sido atropelado pelo ônibus. (Um daqueles casos em que a moto está escondida atrás, sabe?)
Disseram que ele teve muita, muita, mas muita sorte.
E teve... Teve mesmo.
Ai kra, eu fiquei ó.ò meio impressionada. Bom, mas o importante é que ele já tá bem, grosseiro e tudo, e em casa.
Putz vida meow, que susto... O meu menino, o meu menininho. ='0)

Um comentário:

olha a li ali disse...

então... obrigada pelo comentário
=]
eu não postei antes pq estava viajando...
gostei do seu blog tbm
pena que o primeiro post que leio é triste x.x'
melhoras pra ele (y)
vou dar uma olhadinha no resto
=**