quarta-feira, 24 de outubro de 2007

da liberdade ou sobre como ele começara a esperar

a liberdade precisa de muitos significados para que nos sintamos senhores de nós mesmos. ele bem o sabia quando a olhou naquele 28 de novembro e se apaixonou... até então, era um homem sem álibis quaisquer, sem grandes dúvidas e opiniões. dono de uma pequena mercearia situada numa dessas ruelas movimentadas de Pinheiros, levava uma vida pacata, de pretensões modestas. era um acomodado e desfrutava da independência que o negócio lhe proporcionava.
foi a vez de alguma coisa o incomodar. como quando tudo na vida está ajeitado ao aceitável e cai o destino, despenca a sorte, gira o mundo, só porque deus não quer ficar entediado com as vidas que distribuiu.
manhã ensolarada; o único empregado chegara atrasado por causa de mulher, mas ele não fez muito caso, afinal Maneco [o ajudante] era um cara con
fiável, disposto, que entendia do serviço e o divertia com suas lorotas. passaram a manhã conferindo estoque, endireitando a loja para os primeiros fregueses do que seria uma quinta-feira de pouco movimento.
até que ela entrou. e, apesar de ser uma freguesa dessas que aparecem uma vez a cada duas semanas, por aí, desta vez ela tinha algo que a fazia mais bonita. quem dera fosse o vestido amarelo, que, longe de enfatizar as formas, conferia-lhe um ar um tanto mais infantil, ou aquela parte do cabelo que caía-lhe bem no rosto gritando sensualidade, ou ainda o jeito como segurava a sacola das compras feitas denunciando cansaço. quem dera fossem estes detalhes tingidos com perfeição pelo que se chama cotidiano. ele se admirou foi da leveza dos passos, aquele jeito alegre de andar com os pensamentos em outros lugares; daqueles lábios entreabertos num sorriso disfarçado e constante; dos tantos gestos, barulhinhos, confidências feitas em pensamento com aquele ar de quem ama o segredo de saber-se feliz, pois os outros, ah, os outros pouco importavam naquela hora [os outros pouco importam nessas horas]. ele notou o mistério e a facilidade com que este se dissiparia caso alguém perguntasse quais seriam os motivos daquela linda meninice, toda displicente. e isso o encantou.
ele, porém, não disse, não perguntou nada. tampouco o fez nas outras vezes em que ela passou por lá. continha-se. continha-se certo de que a beleza que enxergava, a pureza com que a admirava e a certeza com que um dia, se assim continuasse, viria a amá-la fariam perdurar esta sensação de encanto
por muito tempo ainda.

eis que chega o dia em que a moça não vai só à mercearia. e o Maneco, como de costume, atende a senhoria que se exibe ao lado de seu motivo. ele engole em seco e repara no sorriso aberto, nos gestos, barulhinhos, nas confidências a mais, todas entregues. agora não há mais mistério e a felicidade dela já não é segredo. ele devia saber: pessoas felizes não conseguem fazer segredo de sua felicidade, ao menos não por muito tempo. elas precisam deixar saber que estão felizes, como se fosse
m, por algum motivo, superiores, diferentes, quando não o são. estão apenas alegres e sentem-se contagiantes.
pairou sobre ele um sentimentozinho pequeno, podre de caráter, não tão baixo quanto a inveja, mas no caminho para tal. ficou de comparações com aquele que há pouco esteve ali, com ela. o que ele tem de mais? algum dinheiro, um carro bom, palavras bonitas e vaidades? ah, é bem pouco perto do que eu vi. é bem pouco perto do que eu vi!


no dia seguinte, ele andava inquieto de lá para cá. não tinha dormido à noite e não dizia a Maneco o que se passava. passada uma semana, a inquietação havia desaparecido, mas este incômodo pesava-lhe nos momentos de pouco movimento. ele imaginava coisas; imaginava agora a outra beleza, aquela que a fazia mulher, na carne e no espírito; não mais com a sensualidade inocente de outrora, mas com a de quem sabe jogar. foram três semanas inteiras e ela não voltara à mercearia. ele decidiu contar ao Maneco.
-- Pois eu acho que pr'o patrão foi muito cômodo.

-- 'Cê não entende.
-- Entendo que o que o senhor sente agora é um ciúme inútil.

-- Não é ciúme! Eu não sentia ciúme antes, por que ía sentir agora?!
-- Porque o senhor foi roubado! E o senhor viu o ladrão! E o ladrão tinha a mão na cintura da moça, sussurrava no ouvido dela e isso te deixou louco.
-- 'Cê não entende porra nenhuma.

-- Entendo o que é querer alguma coisa e entendo dos meios pra conseguir. Pra mim, este jogo de distância e "ter-em-que-pensar" não funciona. É babaquice pra desocupado.
-- Oras, vai à merda.
Maneco jamais entenderia. Maneco era daquele tipo de gente imediatista, pra quem tudo é passível de solução e métodos. Ele não. Não queria correr o risco de ter sido iludido, mas também, talvez devido às circunstâncias, tampouco queria que ela passasse mais uma vez sem que fossem trocadas palavras entre eles, sem que se desse margem a outros tipos de conhecimentos, acordos e modos.
Maneco e ele nunca mais tocaram no assunto. E a
gora ele esperava pacientemente pela próxima chance. uma semana depois, a chance apareceu e ele se mostrou cavalheiríssimo, cheio dos bem falares perto dela.
-- A moça anda muito bonita ultimamente, com um sorriso alegre, cheia de vida.
-- Ah, muito obrigada - disse ruborizando.
-- Não se envergonhe não. Se todo mundo fosse assim sempre, ou pelo menos quase sempre, garanto que o dia-a-dia desse povo seria muito mais agradável.
-- Concordo com o senhor.
-- Mas, se me permite a pergunta, como é que a gente faz pra ficar assim que nem a senhorinha?

-- A gente, eu pelo menos, não faz nada. É que eu fui encontrada e acabei por me encontrar.
-- Hm, fala bonito a moça, mas com muito mistério...
-- Estou enamorada... De um que é lindo por dentro e por fora, e me completa como alma alguma jamais conseguiu.

-- Hm. - o rosto dele tomou um sorriso apagado.
ordenados os pedidos, ela foi embora e ele não se conformou com tamanha impossibilidade. deu meia hora, saiu apressado, sentia que o ar dentro da mercearia estava viciado; não avisou o Maneco, mas pouco importava, pois o Maneco sempre sabia o que fazer.
toda aquela pureza sumira, a beleza que agora enxergava er
a a do desejo insatisfeito, daquela meia-fúria de quem olha e não pode tocar; por todas as canções sussurradas que jamais pronunciaria. era insensato demais e ele o sabia... ela simplesmente passara um dia e, agora, lá estava ele com ares de desconcertado, quase imensamente triste. perguntava-se por que as pessoas não podiam parecer belas por outros motivos que não outras pessoas. e não encontrava resposta, pois não conhecia a sensação... no entanto, a observava. a observava incessantemente nos outros! por um momento, pensou que sentisse inveja, mas não, não era. o que tinha era apenas uma vontade que há muito não lhe fisgava o peito; uma vontade de ficar alegre, conversar, falar do seu vazio para alguém que o preenchesse. mesmo que isso significasse abandonar parte da beleza, sufocar o que conservava-se puro, tudo para conquistar a liberdade de amar de outro modo.
Maneco tinha certa razão: ele bem era um acomodado. mas acomodou-se, pois nunca teve a q
ue aspirar com paixão. era uma dessas pessoas que se tornavam inatingíveis, por não terem a que almejar, a quem a vida veio como qualquer outra, porém com meios de estabilidade... não que fosse um conformado; vivia simplesmente, do jeito que desse, do jeito que viesse e, no momento, as coisas vinham bem: seu próprio negócio, um dinheirinho extra ao final do mês, freguesia constante, sem nenhuma queixa quase. a pelota das quartas-feiras, as conversas com o Maneco, as discussões no bar, a solidão, sua melhor companheira. uma companheira que só o incomodava nos dias frios, quando fechava a mercearia sabendo que o Maneco haveria de se arranjar nos abraços de alguém e ele voltaria pra casa e passaria a noite lendo, ouvindo o velho rádio, tomando uma caneca de leite quente.
as mulheres pra ele constituíam um prazer carnal, há muito substituído pelo futebol e pela cerveja. quando mais jovem, ele até se aventurava mais nesse campo. gostava do toque da pele macia de uma boa mulher; gostava do tom da voz, de como os lábios se preparavam para o beijo, de como os abraços o envolviam com segurança e medo e de como faziam da cama um lugar quentinho; eram ternas, diferentes, fortes de tantas maneiras.

tivera três mulheres com quem os casos foram - e poderiam ter sido mais - duradouros. todos eles, entretanto, conheceram um mesmo fim: ele que não as queria enganar também não podia levar adiante necessidades às quais não podia atender, pelo menos não de coração. às vezes as mulheres não dão espaço para considerações e querem ouvir logo um eu te amo, eu te quero, para que possam seguir em paz, sabendo que alguém lhes pertence tanto quanto elas desejam se entregar. não é uma arma, é mais um mecanismo de defesa, porque mulher alguma apresenta meias-palavras, apesar de dizer que sim.
muitos poderiam pensar que a vida dele era pequena. pequena de recursos, de envolvimentos, de sonhos, desejos, sentimentos. mas, no mais, era uma vida como qualquer outra. quem acha a própria vida grande, não pára pra aproveitar o que tem; quem considera a própria vida pequena, não pára pra admirar o que tem; e quem não acha nada da própria vida, é... sei não.
quando deu por si, seus passos o haviam conduzido po
r toda a Rebouças. decidiu continuar caminhando pra onde quer que fosse, e acabou por descer a Consolação. há tanto tempo não via aquele canto da cidade... quando moço, costumava sair mais, pra descobrir os arredores e lá longe. (...)
foi quando a viu, sentada com aquele, numa dessas mesinhas que ficam na calçada, tomand
o qualquer coisa naquele Bar Brahma. sentiu a raiva subir, uma raiva controlável, que mais puxava para a tristeza do que para algum tipo de violência, e resolveu aquietar-se encostado a um poste d'outro lado da rua. observava como agiam os dois, como os sorrisos denotavam cumplicidade e as mãos dela entre as dele constituíam um quadro bonito de se ver; imaginava que o quadro ficaria mais bonito se fossem as suas mãos ali... contudo, de repente, bateu uma sensação injusta de que aquilo não lhe pertencia e que, se fosse ele lá, o que agora soava como novidade, como uma pontuação desnecessária, um nó na vida, não passaria de... um dia após o outro, após o outro, após o outro... teve vergonha de si por um minuto ao torná-lo [o cotidiano] tão insosso. então parou: pensou que aquilo era uma besteira de se pensar, porque até pra ele algumas coisas tinham de ser palpáveis. e talvez ela fosse uma delas, ao menos agora que a roubavam, como diria o Maneco.
foi aí que o casal levantou e saiu. ele resolveu segui-los durante algum tempo, só pra ver como fazia. [amar, não seguir.] passeavam rumo a lugar nenhum, assim de brincadeira, e brincavam: contavam piadas, se empurravam, silenciavam, se abraçavam, discutiam... ele admirava o quadro, olhava pra ela, sentia-se incapaz, entristecia, gesticulava algumas idéias incompletas. então os dois à frente avistaram um banco e sentaram a reparar nos transeuntes. ele, ao observar aquela fotografia, pôs-se a caminhar de volta e, meio desolado, quis ter algo com que se consolar. começou a cantar baixinho:



fez-se mar, senhora, o meu penar
demora não, demora não
vai ver o acaso entregou alguém pra lhe dizer
o que qualquer dirá

parece que o amor chegou aí
parece que o amor chegou aí
eu não estava lá, mas eu vi
eu não estava lá, mas eu vi

(...)

-- Mas onde é que o senhor foi?!
-- Por quê? Não conseguiu dar conta?

-- Dar conta eu sempre dou, agora o patrão sumir assim do nada sem nem bem avisar...
fecharam a loja como sempre faziam; Maneco seguia para encontrar-se com uma guria do último fim de semana e ele seguia sozinho.
na manhã seguinte, Maneco chegou em tempo de pegar o patrão pronto pra deixar um bilhete junto às chaves da mercearia em cima da mesa do escritório.
-- Ah, Maneco... Que bom. Eu vou sumir por uns dias e tô te deixando as chaves. Não vai pensar que eu não vou voltar. Até lá, se precisar de algum ajudante, deixei um dinheiro extra pra chamar alguém, ou mesmo pegar um desses meninos que às vezes aparecem por aí pra dar uma mãozinha c'o serviço.
-- Tá bom, patrão. Mas posso saber o motivo do sumiço?
-- Pois sim... Vou procurar uma coisa.
-- E eu posso saber o que é?
-- Vou procurar a felicidade. Ontem, 'cê vê, eu me peguei pensando e pensei que a minha vida não conhece muito disso.
-- E ela a gente procura?
-- Acho que algumas pessoas precisam procurar... Outras, não.
-- E o patrão faz que tipo?
-- O que nunca procurou e se pegou querendo conhecer.
-- Espera... Isso tudo é por causa da...
-- Isso tudo não tem motivo. Tinha que acontecer e agora eu vou ver como é.
-- Ah, tá bom, então, patrão.
ele saiu e voltou com uma última pergunta.
-- Maneco, 'cê é feliz?
-- Eu sou bem-humorado pra caralho!! ;0D

e saiu de vez.
foi para o Rio de Janeiro, experimentou as pequenas e as grandes coisas: dormira na praia olhando pra lua, comprara um pacote de doces de infância, lera livros com mensagens inconcebíveis, enchera a cara com uns amigos feitos num bar qualquer, apostara, dormira com algumas mulheres, parara ocasionalmente para pensar nela e imaginar coisas mais, visitara o Corcovado e o Pão de Açúcar, roubara revistas de bancas, machucara os pés jogando bola, participara d'um protesto pelos direitos de alguma minoria populacional... mas então batia aquela saudade de casa, da mercearia, das conversas fiadas do Maneco e dela, de vê-la, mesmo que fosse acompanhada.
um dia, então, acordou com a pá virada. era uma manhã cinza, chovia muito. estava sem paciência, não sabia que mais inventar para entreter-se e começou a pensar que sua busca fora algo assim, quase em vão, não fosse pelo divertimento que agora ía fatigado e cotidiano, sem apelo por assim dizer. quis fazer algo estúpido pra ver se fugia ao marasmo daquela liberdade toda e subiu bem alto nalgum lugar visível. já pronto para ameaçar o suicídio, ouvira disparos lá embaixo e pudera avistar o que seriam dois corpos estirados na rua, conseqüências d'um assalto à mão armada, ou algo que o valha.
-- Sou mesmo um idiota - pensou. e desceu.
a verdade é que a felicidade que ele procurava havia se distanciado, fato que jamais conseguiria explicar. afinal, dá mesmo pra se sentir assim tão distante do que não se conhece? parecia ilógico, mas ele respondia que sim.
decidiu voltar pra São Paulo, a terrinha, onde, e não sabia explicar por que (coisa de paulistano, não sabe?), tinha na dura poesia concreta de suas esquinas um cantinho aconchegante.
-- Ô Maneco, voltei!!!
-- Oooo patrão! Que beleza! E como é que foi a andança?!
-- Trouxe esta camisa pra ti, é lá do Rio.
-- Ahhhh, então foi pra lá que o patrão se mandou?! Fez bem, fez muito bem. Eu teria ido pra lá também.
-- É, é uma cidade bem bonita. Mas então... Aconteceu alguma coisa na minha ausência?
-- Não patrão. Houve só umas coisas aqui na frente que fizeram a gente fechar mais cedo, só.
-- Hm. Polícia?
-- Numa das vezes, sim. Teve briga feia aqui em frente, tinha um cara armado, daí eu resolvi fechar antes de acontecer alguma outra coisa. E, na outra, teve um jogo do Brasil aí que eu não podia perder...
-- Hm. De resto, tranqüilo?
-- Tranqüilo... Ah, e o patrão conseguiu encontrar aquilo que 'tava procurando?
-- Pois é, meu caro Maneco... A verdade é que eu não sei.
-- Não sabe?!
-- Não sei.
os dias prosseguiram normais, naquela ventura de espera que não cessa no humano. o que esperasse, ele não sabia ao certo. esperava por ela? por algum poema bonito? por um telefonema bizarro? por alguma aventura repentina, daquelas dos filmes que passam na tv? pela tal felicidade, com algum significado definitivo? esperava, enfim, pelo dia seguinte, pelas companhias de quarta, pelos causos do Maneco? não saberia nunca, pois esse tipo de espera é inerente à existência e ele tampouco percebera que começava a esperar. [porque a gente não percebe quando começa; só se dá conta quando parece não terminar.]
veio então uma sexta-feira de sol e ela entrou na mercearia, dona do mesmo brilho e de uma aliança reluzente. ele ficou inquieto, mas soube disfarçar bem. queria, porém, falar-lhe de alguma maneira e, para tanto, não conteve elogios: pequenos, simples, de bom gosto. Maneco reparava na tentativa de agrado do patrão e ria baixinho, sem ser visto, por conhecer bem a figura.
que mais eu posso fazer além de elogiar e ver o sorriso? nada. não posso nada, não vou investir nada, não sou assim. é moça de outro já. me contento em vê-la vermelha, pois é o que tenho, o que temos, o que posso.
todas as vezes, ele a atendia, e todas as vezes tentava arrancar-lhe um sorriso maior, mais bonito, mais doce.
então foi a vez de ela surgir com a pá virada, numa terça-feira... porque, e isso ninguém sabe explicar direito, sempre que a gente espera alguma coisa - espera muito -, alguma fagulhinha, alguma faísca sai.
-- Bom dia, dona moça mais bonita de todas.
-- Bom dia. - ela não sorriu.
-- Hm. O de sempre?
-- O de sempre, por favor.
(...)
-- Se a moça me permite a intromissão, que é que há?
-- Ah... É a vida...
-- Hm... Gozado a moça dizer isso.
-- Ué, e por que haveria de ser gozado?
-- Oh, não, não me leve a mal. Mas é que desde que a vi, a alegria da moça me deixa triste. E agora que a moça vai triste, também eu continuo triste... Insensatez...
-- Eu lhe faço triste, meu senhor?
-- Não, não a moça em si. A moça é linda, me encanta, mas me faz lembrar da alegria que me falta e da falta que me faz não vê-la por aqui todo dia pra tê-la comigo, por perto, para a vez em que eu puder tocá-la.
Ela faz cara de quem desgostou do que ouviu.
-- Ora, mas que atrevimento!
-- Não, não, a moça não entendeu - ela se retira, sem levar nada, com sua bolsa vermelha e o nariz empinado em sinal de desaprovação - (...) eu falava da alegria...

ela não quis voltar à mercearia. ouviu o que quisera ouvir e não, nem por um minuto considerou as vicissitudes da oratória... ele quisera ter se importado mais com o fato de a moça não ter aparecido de novo, porém deu por si que ela lhe valera apenas uma liberdade com a qual ele não conseguia se comprometer: aquela que a gente vê através dos olhos dos outros.
isso o fizera esperar... e ele, que antes de ser pequeno, o era tampouco, agora é triste. simples assim.

eleanor rigby, beatles

Um comentário:

Anônimo disse...

há posts em que parece pecado tanto comentar quanto não comentar. Mas, com o perdão do atrevimento, eu gosto do sentimento de paulista [e da essencial fuga para o rio], do Maneco e de um tanto de outras coisas aí, que me lembram vinicius de moraes. (ou morais?, eu gosto também da união do a com o e. ae.) é tudo tãaaaao bunito.