sábado, 20 de setembro de 2008

Subject

Sempre que eu abro a porra do blogger me vem aquele dilema da página em branco: o que é que eu vou, ou estou querendo dizer? Às vezes eu acho irônico que uma pessoa extremamente visual como eu goste tanto de brincar com palavrinhas. Isso me faz pensar em como seria se eu tivesse uma câmera de vídeo... Será que as minhas filmagens seriam tão silenciosas quanto eu as imagino na minha cabeça? Minha cabeça é estranha: ela não pára, mas é o lugar mais silencioso do mundo. Tanto que, quando eu sonho, as pessoas não conversam. Há sons externos, música, mas é algo que, automaticamente, eu insiro no cenário... As pessoas em si não falam; se comunicam através de gestos. E, quando eu faço que uma delas vai falar, ou é porque a gente (sim, eu inclusa) tá brigando, ou então as bocas se mexem sem produzir som.
Papos irrelevantes.
Mas, então, o que dizer? Dizem que um dos maiores problemas que os cronistas atualmente enfrentam é a falta de assunto. E eu fico pensando que você tem que ser um cara muito limitado pra gastar todos os assuntos do mundo. E eu fico pensando que você tem que ser um cara muito limitado e bobo pra gastar todos os assuntos do mundo, falando, inclusive, sobre coisas de que não gosta. Caraca meow, até a falta de assunto é um assunto.
O Fernando Veríssimo, por exemplo, é o rei dos assuntos. Quando tem sobre o que falar, ele fala; quando não tem, ele inventa. A Lya Luft, por outro lado, já não tem paciência pra ver o circo pegando fogo, então ela fica com aquelas crônicas de mulher de quarta idade, cheia de recordações. Umas são realmente bonitas; outras, tu pula, porque é sempre a mesma coisa.
Eu não falo sobre política, transgênicos e o cacete a quatro. Falo de coisas aleatórias que observo por aí e, claro, de mim. Não sou tão criativa quanto um Veríssimo da vida e suas crônicas de escola, de comida etc, mas também não me assemelho a nenhuma Lya Luft da vida - a começar pelo fato d'eu ser bem novinha. Ao mesmo tempo, fico pensando em como os meus filmes ficariam. Não sou dada a imaginar cenas engraçadas, tampouco chocantes. Os mudos de Charlie Chaplin e Hitchcock não teriam de se preocupar com plágio. Já clipes de música... Ui. Meu ponto fraco. E clipes de música vêm com a vantagem de sempre ter assunto. Ainda que as bocas se mexam sem produzir som. :0D
(...)

Um comentário:

Pedro Zambarda disse...

Sensualidade textual é pra poucos.

Beijão, Mel.