sábado, 2 de fevereiro de 2008

É assim que funciona, ou tô enganada?

"Chega de CPMF!!!" - bradou alguém nalgum canto recôndito do Congresso, e todo mundo estremeceu.
"Que será que quiseram dizer com isso?" - retomado o burburinho entre os companheiros de discursos animosos sem utilidade prática.
"Simples. Já está na hora... Não dá pra prolongar mais! Tarifa provisória não é imposto! Afinal, já são o quê? Dez, onze anos?!" - reiterou o pequeno bradante. A oposição ouvia interessada, certa de não demonstrar qualquer reação perante aquele repente.
Foi quando algum político importante deu início a um discurso tinhoso - "Ora, para que o alarde?! O nosso companheiro ali tem razão!! (...)" -, enquanto organizava, às custas da inquietação distração geral, um projeto a ser votado que validaria definitivamente a CPMF como imposto, e mandava a secretária reunir informações acerca do petulantezinho que viera causar a movimentação que agora se via tramitar pela casa de política do Estado do Brasil. Era preciso eliminá-lo coagi-lo amigavelmente.

Seguem as proclamações e o caríssimo presidente é convidado a dar seu parecer: "a verdade é a seguinte. Essas pessoas, sobretudo os ricos, porque pobre não paga CPMF, vamos ser claros. CPMF é coisa de rico, não é coisa de pobre (...), essas pessoas precisariam, sobretudo uma parte empresarial, não apenas reclamar do que pagam, mas dizer publicamente também quanto ganham, quanto lucraram nesses quatro anos".
A oposição resolve colocar-se a favor do fim da tarifa imediatamente.

Após algumas semanas, ao terceiro dia de trabalho dos congressistas e à 1110ª manchete publicada acerca do Fim da CPMF, é realizada uma votação, onde o projeto do político importante é rejeitado. É hora de o querido presidente, recém-trazido da Bolívia, onde discutia alguma questão crucialíssima, pronunciar algumas honrosas palavras: "meus caros companheiros, se é chegado a hora de dar um basta na CPMF, a gente dá!". Risos Aplausos. "E que o povo brasileiro fique sabendo que não vai ter elevação dos impostos!!!", completa, empolgado com a vibrante multidão.
A oposição faz festa; tenta, inclusive, convidar o camarada petulante para tomar algumas e comer umas menininhas, mas aparentemente o cara morreu no que teria sido um complô planejado pelos capangas do político importante um assalto à mão armada.

"É preciso fazer cortes!" - alega um situacionista. "Evidentemente", concordaram. A questão era onde... Na saúde, na educação, na previdência, no setor público? Eis que surge uma voz ao léu e diz "a gente manda o excelentíssimo presidente dizer que os cortes serão feitos sobre o Judiciário, o Executivo, o Legislativo e o sistema financeiro!". Aplausos Risos. E, como não há, nesse governo, uma única besteira indigna de palco, foi exatamente o que o presidente declarou.

O pacote de reajustes é lançado e a oposição samba, pois que os banqueiros, bem como os salários de nossos respeitáveis políticos foram poupados e os tributos recaíram sobre [quem mais?] os servidores.

Ah, a porra da tarifa do metrô também há de subir. Isso me revolta.

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